top of page

Vale se torna ré em ação bilionária em Londres por desastre da Samarco

Mineradora tem até novembro para apresentar defesa. Ações na Bolsa de Valores caíram após notícia





A corte britânica incluiu a Vale como ré no processo de R$ 230 bilhões movido em favor de mais de 700 mil vítimas brasileiras do crime ocorrido em novembro de 2015 contra o Rio Doce, com o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), de propriedade da Samarco/Vale-BHP.

Divulgada nesta segunda-feira (7), a decisão já fez as ações da Vale operarem em queda de 0,10% na Bolsa de Valores, ao valor de R$ 67,49, conforme registrou o Estadão. Em notícia do jornal Valor, a informação é de que a mineradora tem até o dia 10 de novembro para apresentar sua defesa e ainda pode recorrer da decisão. O julgamento está marcado para outubro de 2024.

A decisão atendeu ao pedido da anglo-australiana BHP Billiton, que inicialmente era a única ré na ação, movida em 2018 pelo escritório Pogust Goodhead. A audiência sobre a inclusão aconteceu durante os dias 12 e 13 de julho, na Royal Courts of Justice. Uma comitiva de atingidos acompanhou as sessões, incluindo prefeitos, indígenas, quilombolas e outras vítimas capixabas, mineiras e baianas.

A ação é considerada a maior de alcance coletivo na área ambiental do mundo. O valor, atualizado em £ 36 bilhões (US$ 44 bilhões ou R$ 230 bilhões), e sete vezes o valor inicial, de R$ 32 bilhões, quando foi impetrada, em 2018, com cerca de 200 mil atingidos. O acréscimo do valor se deu não só pelo aumento do número de autores, definido em março último, mas também pelos juros transcorridos no período.

No mês passado, a Suprema Corte da Inglaterra negou o pedido de autorização feito pela BHP para recorrer no processo, decisão que foi comemorada pelo escritório de advocacia Pogust Goodhead, autor do processo em favor das vítimas. "Mais uma vez, a mineradora tentou de tudo para impedir o avanço da justiça para os nossos clientes, indo à Suprema Corte reverter a decisão que reconheceu a jurisdição sobre o caso. E, novamente, o Tribunal decidiu a nosso favor". Agora, explica o Pogust Goodhead, "a BHP esgotou todos os meios legais para interromper o julgamento que ocorre na Inglaterra".

A compensação a ser paga pela BHP será a maior do mundo relativa a um crime ambiental, superando os US$ 15 bilhões pagos pela Volkswagen no escândalo do Dieselgate nos Estados Unidos em 2016 e os US$ 20,8 bilhões pela BP no derramamento de óleo da Deepwater Horizon em 2015.

O valor também é muito superior aos £ 2,8 bilhões/US$ 3,4 bilhões que a BHP aprovisionou para cobrir sua responsabilidade pelo crime, levando a questionamentos sobre potencial negligência da mineradora frente aos seus investidores.


0 comentário

Comentários


bottom of page