Usar e comprar novas joias passou a ter um propósito que vai além da estética com a chegada de técnicas em que é possível adquirir criações feitas a partir de ouro reciclado, reúso de pedras antigas e até mesmo diamantes criados em laboratórios. Atenta aos movimentos ao redor, a joalheria torna-se cada vez mais consciente ao renovar o porta-joias.
A marca Naïve, fundada por Taisa Hirsch e Alexandre Lazzini, não usa ouro de primeira extração. “Em vez de promover a exploração de um bem não-renovável, usamos apenas ouro reciclado, proveniente do reuso de joias”, explica o casal. A marca só usa pedras de fornecedores com práticas de extração responsável, que incluem reflorestamento, tratamento de água, reciclagem e apoio às comunidades em torno das minas. Já os diamantes são lab grown (criados em laboratório) e levam de 3 a 4 semanas para ficarem prontos a partir de técnicas tecnológicas em que gases de hidrocarbonetos transformam uma superfície de carbono em diamante. Coordenadora de sustentabilidade da Abest (Associação Brasileira de Estilistas), Myara Rovery observa que o mercado tem experimentado uma demanda crescente por metais reciclados. “Os consumidores procuram, cada vez mais, por alternativas menos poluentes.”
Quem também acompanha o momento upcycling é o ateliê carioca Mabity & Bonjean. A designer Mabity Pereira cria peças autorais em coleções limitadas com uso de ouro reciclado. “Quando você derrete o ouro, o metal volta ao estado líquido e limpo. Existem milhões de joias guardadas que podem ganhar nova vida”, diz Mabity, ao explicar que transforma peças antigas das próprias clientes. “Derretemos o ouro e usamos as pedras, que muitas vezes têm valor afetivo”, explica.
Foi o que aconteceu com uma água-marinha de 45 quilates nas mãos da designer de joias Luciana Canto e Mello. “Uma cliente me entregou a pedra que foi de sua avó pedindo um anel de princesa”, conta a carioca, que levou a peça para expor na joalheria da Casa Cor, onde faz uma ocupação até hoje. “A joia tem memória”.
A joalheria Pepe Torras é outra que embarcou na reutilização do ouro. Eles permitem que a cliente ressignifique o ouro e as pedras em uma peça exclusiva. “Derretemos o metal, separamos as pedras e pensamos em algo novo”, conta Paco Torras. Especialista em metais, Virginia Moraes destaca a versatilidade do ouro, com ressalvas. “É importante o consumidor ficar atento à origem do metal na hora de comprar uma peça de reuso.”
Fonte: Minera Mt
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