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Setor mineral apresenta projeto voltado à descarbonização

Projeto será base para metas setoriais de redução das emissões de GEE da indústria mineral.




A indústria da mineração do Brasil passa a contar com um projeto setorial voltado à descarbonização de suas atividades industriais, por meio da inovação de rotas, modelos de visão sistêmica integrada, com ênfase na transição energética para fontes renováveis.

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), 11 mineradoras já aderiram ao projeto. A iniciativa resulta de uma parceria entre Ibram, Governo Britânico no Brasil e Mining Hub – espaço de inovação do setor mineral.

O lançamento do “Projeto de Descarbonização do Setor Mineral” foi nesta quinta-feira (26/10), na sede do Ibram, em Brasília. Este projeto e mais o 3º Inventário de Gases e Efeito Estufa, em elaboração pelo Ibram desde agosto, servirão de base para o instituto estruturar, a partir de 2024, um roadmap do carbono na mineração, o que irá permitir estipular metas setoriais de redução de emissões.

Para o Ibram, é uma resposta que a mineração brasileira dará ao país sobre o controle e a mitigação de suas emissões. A direção da entidade acredita que o roadmap irá influenciar na tramitação dos processos de licenciamento ambiental, favoravelmente às mineradoras que se engajarem na agenda setorial do clima, conduzido pelo Instituto.

As primeiras mineradoras a participarem do projeto de descarbonização são: Alcoa, Anglo American, CBMM, Gerdau, Hydro, Kinross, Lundin Mining, MRN, Samarco, Nexa e Vale.

Para o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, “a questão climática é o ‘desafio dos desafios’ contemporâneos da humanidade. Ninguém pode se excluir de agir para enfrentar a questão climática já que afeta a todos nós. E temos ainda um desafio ético e moral, que é levar às futuras gerações uma natureza melhor do que a nossa geração encontrou. O projeto que lançamos atende a um compromisso do setor mineral que é incontornável e inadiável, que é diagnosticar suas emissões e agir para descarbonizar suas operações”.

Mineração é baixa emissora de GEE

O 2º Inventário de Gases Efeito Estufa do Setor Mineral, organizado pelo Ibram, demonstra que “a participação deste setor nas emissões totais do Brasil é pouco significativa, se for considerado o limite operacional restrito às atividades das frentes de lavra e beneficiamento físico dentro da mina – decapeamento, abertura de frente de lavra, extração, beneficiamento físico, transporte interno, recuperação de áreas abertas e encerramento de unidade de extração.

Dados do documento “Estimativas anuais de emissões de gases do efeito estufa no Brasil” do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação revelam que em 2010 o país gerou 1.246.477.000 toneladas CO2e (CO2 equivalentes), enquanto o setor mineral, no ano de 2011, gerou 11.290.267 toneladas CO2e (considerados os bens minerais inventariados na 2ª edição do estudo).

Projeto buscará soluções para reduzir emissões

De acordo com o Ibram, o projeto de descarbonização, inovador na sua essência, é voltado a identificar rotas tecnológicas de descarbonização, porém, com o mérito de ser um projeto conduzido com uma visão sistêmica integrada.

Será construído um plano de ação para que o setor possa realizar a transição energética por meio de esforços coletivos, respeitando as particularidades individuais das mineradoras, de forma a somar iniciativas e alcançar objetivos de forma mais eficaz.

Por meio da inovação aberta, o setor tem uma oportunidade de cooperação, desenvolvimento e aceleração de projetos de valor para o setor da mineração.

Em 2022, foram mapeadas iniciativas no Brasil e no mundo de inovação para descarbonização, onde foi identificada a grande oportunidade de colaboração com o governo do Reino Unido, por meio da Energy Systems Catapult, agência sem fins lucrativos implementada pelo governo do Reino Unido.

Embaixadora do Reino Unido reconhece importância do projeto

A partir do projeto de descarbonização setorial, o Ibram acredita que será possível à indústria mineral avançar em conjunto rumo à transição energética, com efeitos benéficos contra os impactos das mudanças climáticas.

Para oficializar a cooperação entre Brasil e Reino Unido foi assinado convênio pela Embaixadora de Sua Majestade na República Federativa do Brasil, Stephanie Al-Qaq, pelo diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, e pela presidente do Mining Hub, Alessandra Prata.

A Embaixadora do Reino Unido disse que “a liderança do setor mineral com este projeto, além de outras iniciativas (em relação às questões climáticas) fazem toda a diferença (…) juntos podemos inovar e criar soluções (…) não faltam recursos financeiros para projetos como esse; faltam visão, liderança e vocês (do setor mineral) têm”.

Também participaram do evento Márcio Rojas da Cruz, coordenador-geral de Ciência do Clima do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, representante da ministra Luciana Santos; o diretor-geral da Agência Nacional de Mineração, Mauro Henrique Sousa; o diplomata Gustavo Rosa, da divisão de Energia e Mineração do Ministério das Relações Exteriores – ele representou o ministro Mauro Vieira; e CEOs e gestores das mineradoras participantes do projeto de descarbonização.

Pioneirismo

As mineradoras associadas ao Ibram já conduzem há vários anos programas voltados à mitigação dos gases de efeito estufa (GEE), de ampliação de uso de energia limpa, entre outras iniciativas. Este movimento setorial está entre os compromissos da Agenda ESG da Mineração do Brasil, que o instituto e as mineradoras associadas desenvolvem nos últimos anos.

Na última Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP 27, no ano passado, o Ibram lançou o guia de resiliência climática. Seu objetivo é orientar as mineradoras nas análises e providências relacionadas aos riscos climáticos, que comprometem o desempenho das operações minerárias.

Na COP 28, a ser realizada em Dubai entre 30 de novembro e 12 de dezembro deste ano, a expectativa do Ibram é apresentar os resultados preliminares do 3º Inventário de Gases e Efeito Estufa.


Fonte: Revista Mineração & Sustentabilidade

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