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Preços da bauxita e alumínio sobem após golpe de Estado na Guiné

Os preços da bauxita da Guiné para entrega na China atingiram seu maior pico em quase 18 meses na segunda-feira (6), enquanto os compradores se preocupavam com a oferta após um golpe militar no país da África Ocidental, embora nenhuma mina tenha relatado qualquer interrupção. O golpe também levou o alumínio à maior cotação em mais de uma década em meio à produção global limitada e demanda em alta.


A Guiné é um grande fornecedor de bauxita, matéria-prima necessária para a fabricação do alumínio, e responde por mais da metade das importações dos chineses.

A bauxita guineense para entrega na China foi avaliada pela Asian Metal em US$ 50,50 a tonelada, alta de 1% em relação à sexta-feira (3) e a maior cotação desde 16 de março do ano passado. Os preços subiram cerca de 16% neste ano.

A destituição do presidente da Guiné, Alpha Condé, por uma unidade do exército no domingo (5) também estendeu a alta dos preços do alumínio a máximas de vários anos e impulsionou as ações das produtoras de alumínio Norsk Hydro e Rusal.

A agitação no país africano não teve impacto imediato nas operações de bauxita, que são fundamentais para a economia da Guiné como principal fonte de divisas. O país produziu 88 milhões de toneladas de bauxita no ano passado, segundo estatísticas do Ministério de Minas.

"É altamente improvável que o golpe tenha qualquer grande impacto de curto prazo nas exportações, que estão sempre na parte mais baixa do ciclo em setembro, com os estoques esgotados à medida que a estação chuvosa chega ao fim. Qualquer governo que estiver entrando desejará ter certeza de que não prejudicará os ganhos e investimentos futuros", disse o especialista da indústria de bauxita da Guiné, Bob Adam.


O líder golpista Mamady Doumbouya disse na segunda-feira (6) que o toque de recolher imposto nas áreas de mineração foi suspenso. A junta militar que tomou o poder na Guiné conclamou as empresas de mineração a continuar operando, oferecendo garantias de que os contratos que firmaram com o Estado serão honrados.

O grupo militar que tomou o poder no país suspendeu a Constituição e substituiu governadores e prefeitos por militares que participam da conspiração. "O toque de recolher nas zonas de mineração foi suspenso para garantir a continuidade da produção e os portos continuam abertos para as exportações. Um governo de unidade nacional será estabelecido para liderar a transição", ", disse o líder golpista.

O maior produtor de bauxita da Guiné, Société Minière de Boké (SMB), foi procurado, mas não se pronunciou. Um porta-voz da Aluminum Corp of China (Chalco), maior produtora mundial de alumina, disse que seu negócio de bauxita na Guiné estava operando normalmente.

A TOP International Holding de Cingapura, que possui duas minas de bauxita na Guiné, disse que as operações continuavam "com interrupção mínima" e que a situação nos locais em Boke e Boffa estava estável.

Um porta-voz da Compagnie des Bauxites de Guinée (CBG) disse que suas minas não foram afetadas pela turbulência.

A Alcoa, co-proprietária da CBG, disse que está monitorando a situação de perto e não está ciente da interrupção das exportações de bauxita.

A Rusal, proprietária da Compagnie des Bauxites de Kindia (CBK) na Guiné, não respondeu se as suas operações foram interrompidas.

A AngloGold Ashanti disse que sua mina de ouro Siguiri, na Guiné, estava operando normalmente. "Estamos monitorando a situação e em contato próximo com a liderança da nossa mina na Guiné, que está operando normalmente", disse a mineradora em um comunicado. Siguiri produziu 117.000 onças de ouro nos primeiros seis meses deste ano.

O golpe lança mais dúvidas sobre o futuro dos muitos projetos de minas de ferro da Guiné. A Rio Tinto, que está desenvolvendo parte do enorme projeto de minério de ferro de Simandou, na Guiné, ao lado da Chinalco, não quis comentar como a intervenção militar pode afetar seus planos no país.

"A obtenção de recursos para Simandou se mostrou muito difícil e a incerteza gerada pelos desenvolvimentos atuais desafiará o compromisso das partes interessadas", declarou o analista sênior de aço do CRU Group, Andrew Gadd.

O presidente da Société des Mines de Fer de Guinée (SMFG), Guy de Selliers, que está desenvolvendo o projeto de minério de ferro de Nimba, disse que "independentemente de quem está no comando, eles vão querer que esse projeto aconteça porque é bom para o país" e que a empresa tem seguro contra riscos políticos por meio da Agência Multilateral de Garantia de Investimentos do Banco Mundial.

Alumínio

Após o golpe na Guiné, os preços do alumínio subiram em Londres e Xangai, movimento que foi seguido pelas ações de produtoras: os papéis da líder do setor, Chalco, avançaram até 10%, enquanto a Rusal registrou ganho de 15%.

Impulsionado pela recuperação da demanda e da atividade econômica, o alumínio já acumulava alta de cerca de 38% este ano em Londres antes do golpe. Ao mesmo tempo, fundições na China buscam manter o nível de produção durante a crise sazonal de energia e medidas do governo de Pequim para controlar as emissões de carbono do país.

Segundo Michael Widmer, chefe de pesquisa de metais do Bank of America Merrill Lynch, o mercado de bauxita registra superavit há anos, e qualquer interrupção precisaria ser grave para alterar essa dinâmica. Ele aposta em alta do alumínio, "mas por razões diferentes". "Dito isso, se você tiver problemas em um país que fornece 20% da bauxita para o mercado global, então claramente será um problema", disse em entrevista por telefone de Londres.

Na Bolsa de Metais de Londres, os preços chegaram a subir 1,8%, para US$ 2.775,50 a tonelada, o maior nível desde maio de 2011, e eram negociados a US$ 2.756,50 às 10:34 no horário local. Na China, os futuros chegaram a mostrar ganho de 3,4% para a maior cotação desde 2006, mas reduziram a alta para 2,2%.

Investidores também estão atentos aos cortes da produção na província chinesa de Guangxi, o que aperta ainda mais o mercado, disse Xiong Hui, analista-chefe de alumínio da Beijing Antaike Information Development.

A indústria de alumínio, que consome muita energia, está sob crescente escrutínio como parte da campanha do governo chinês para reduzir a poluição. A China produz cerca de 60% do total mundial. A possibilidade de redução da produção levou algumas das maiores fundições chinesas a prometerem que a oferta será garantida, e reservas estatais devem liberar o metal para diminuir o impacto.

A China depende cada vez mais das importações, algo atípico que tem encolhido os estoques globais de alumínio.


As informações são da Reuters, da Bloomberg e do Valor Econômico.

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