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Ouro, cobre e níquel representam 66% da produção mineral da Bahia

Descoberta de níquel em Curaçá pode ampliar a produção baiana de minerais estratégicos.


A diversidade mineral é um dos diferenciais para que a Bahia seja o terceiro maior produtor de minérios do país. No entanto, dos quase 50 tipos de substâncias, três se destacam por representar 66% de toda a produção mineral do estado. Dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE) mostram que de janeiro a agosto, deste ano, o ouro, o cobre e o níquel se destacaram, alavancando consequentemente a arrecadação da Contribuição Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), nos municípios de Itagibá, Jacobina, Jaguarari e Juazeiro, respectivamente.


Conforme a Agência Nacional de Mineração (ANM), os quatro municípios citados foram os responsáveis por arrecadar mais da metade da CFEM contabilizada em todo o estado. Dos mais de R$ 174 milhões de reais arrecadados na Bahia (até o fechamento desta matéria), aproximadamente R$ 80 milhões foram dos municípios citados. Tais números significam mais verba para os cofres públicos das cidades, uma vez que os municípios produtores ficam com 60% desta arrecadação.


Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), a mineração é de grande importância para as dezenas de municípios baianos que possuem direito a esse recurso. “A mineração tem papel fundamental para o crescimento do estado. As cidades onde estão situadas as empresas são beneficiadas tanto com o dinheiro da CFEM que retorna para o município quanto pelos empregos gerados, que normalmente pagam três vezes a mais do que em outros setores, beneficiando toda a economia da cidade”, declara Tramm.


Descobertas podem ampliar a produção


Um dos destaques da produção baiana deste ano, o níquel, minério que a Bahia já lidera a produção nacional, pode ter uma ampliação da sua produção a partir das novas descobertas divulgadas pela Ero Copper. Na última semana, a empresa anunciou a descoberta de níquel no Vale do Curaçá.


O sistema, conhecido como “Sistema Umburana”, está localizado a aproximadamente 20 quilômetros das atuais instalações de processamento da Ero Brasil Caraíba, responsável pela produção de cobre no estado. O sistema foi descoberto usando um novo mapeamento de campo detalhado e geoquímica do solo, coletados durante os programas de exploração da empresa em 2021 e 2022, em conjunto com o levantamento eletromagnético aéreo da empresa.


“Este é um momento significativo e crucial para a companhia e, de forma mais ampla, para a região. Pensar que o cobre no Vale do Curaçá foi documentado pela primeira vez no final de 1700 e só agora estamos descobrindo a mineralização de sulfeto de níquel, não muito longe de onde está o cobre, minado há mais de 40 anos, é realmente notável. Acreditamos que os resultados de hoje, confirmam o potencial do Vale do Curaçá para ser um distrito de sulfeto magmático globalmente significativo para cobre e níquel”, comentou o CEO da Ero Copper David Strang.


A expectativa também é compartilhada pelo Diretor Geológico da companhia, Mike Richard que acrescenta: “Na minha perspectiva, este é o desenvolvimento mais significativo no programa de exploração regional do Vale do Curaçá até hoje. Estou incrivelmente orgulhoso de nossa equipe de exploração por suas contribuições para fazer nossa primeira descoberta de níquel e acredito que estamos nos estágios iniciais de desbloqueio de valor significativo para a empresa”, concluiu.


A importância do investimento em pesquisa


Essa descoberta é um dos reflexos da importância do investimento em pesquisa para o desenvolvimento do setor. Dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) mostram que no acumulado dos últimos cinco anos (2017 a 2021), a Bahia foi o estado que mais realizou investimentos em pesquisa mineral. Quase R$ 2 bilhões (contabilizando investimentos públicos e privados) e mais de R$ 1 bilhão apenas nos últimos três anos (2019 a 2021).


O investimento em pesquisa é um passo fundamental para o sucesso da produção mineral, no entanto o Brasil ainda investe pouco no seu conhecimento geológico. Mesmo liderando os índices, os investimentos em pesquisa ainda são entraves para impulsionar ainda mais a produção mineral do estado e também do país.


Segundo o presidente da CBPM, os valores ainda não são o suficiente para gerar um maior dinamismo ao trabalho e é preciso uma atenção maior para isso. “É preciso inovar a nossa legislação de forma a permitir que o título minerário possa ser utilizado como garantia. Com isso iremos possibilitar que o pequeno e médio tenha maior atuação, visto a dificuldade de crédito por conta da garantia”, enfatiza Tramm.


Logística é essencial


Após a nova descoberta, os estudos e pesquisas irão buscar definir se a reserva poderá se tornar um recurso mineral, ou seja, estudar as viabilidades técnicas para a extração do minério da rocha e também a logística de transporte. Esse seria mais uma potencial carga, beneficiada com a implantação de um novo sistema ferroviário no estado.


Na última semana, a Fundação Dom Cabral apresentou o segundo relatório preliminar do estudo da infraestrutura ferroviária do estado da Bahia, onde foi realizado um diagnóstico de cargas potenciais e existentes no estado. O documento também apresenta sugestões de criações e modernizações dos ramais ferroviários já existentes, em bitola larga (largura prevista para distanciar as faces interiores das cabeças dos trilhos) dos atuais 1 metro para 1,6 metros, interligando a malha ferroviária da Bahia com a de outros estados, acabando com o isolamento logístico do estado, tornando-o mais competitivo.


Até o final do projeto outras constatações importantes deverão ser elencadas, gerando uma visão estratégica da participação de ferrovias na infraestrutura das regiões. “O que esperamos de contribuição desse estudo é uma racionalização da atividade logística, no ordenamento do território, a partir dos potenciais de produção e consumo, no fomento à multimodalidade, com o aproveitamento máximo das vantagens de cada modal de transporte”, detalha o coordenador geral do projeto e do Núcleo de Infraestrutura, Supply Chain e Logística da FDC, Paulo Resende.


Fonte: Companhia Baiana de Pesquisa Mineral/ Revista Mineração

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