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Oportunidades e desafios do Setor Mineral Brasileiro

  • jurimarcosta
  • 18 de nov.
  • 6 min de leitura
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Os desafios sempre foram motores de transformação na mineração brasileira. Entender como o setor evoluiu e o que originou os obstáculos enfrentados atualmente é essencial para delinear caminhos que transformem esses desafios em novas oportunidades para o desenvolvimento mineral no país.


O novo ciclo da mineração brasileira


Diante de um novo ciclo de desafios e oportunidades, o setor mineral enfrenta questionamentos centrais que moldam seu futuro:


  • Como aproveitar o vasto conhecimento geológico acumulado nas últimas décadas para acelerar o desenvolvimento mineral do país?

  • Como viabilizar os projetos pré-operacionais que já possuem recursos declarados, mas aguardam investimentos?

  • Onde está o gargalo que impede muitos direitos minerários de alcançarem a fase de produção: na falta de capital ou na morosidade regulatória?



Essas perguntas nortearam um estudo conduzido pelo Jazida.com, com base em dados de direitos minerários do Centro-Oeste e Tocantins, abrangendo substâncias estratégicas como:


  • Minerais críticos: lítio, terras raras, cobalto, platina, silício, titânio, cobre, tálio, urânio, tungstênio, estanho, nióbio, tântalo, grafita, níquel, vanádio, molibdênio e minerais pesados;

  • Metais preciosos: ouro e prata;

  • Fertilizantes e sais: fosfato, potássio, salgema e nitrogenados;

  • Calcário;

  • Metais base: alumínio, chumbo, ferro, manganês, zinco e cromo.


Inventário do conhecimento geológico acumulado


A análise considerou relatórios de pesquisa apresentados desde a década de 1970 até os dias atuais, totalizando 12.600 processos minerários

inativos nos quais as empresas chegaram a realizar pesquisa mineral e entregaram relatórios finais antes da perda de titularidade.


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Figura 1: Processos minerários inativos com relatório final de pesquisa apresentado. Fonte: Jazida.


As décadas de 1980, 2000 e 2010 concentraram os maiores volumes de investimento em pesquisa, com quase 5 mil relatórios entregues nos anos 1980 e cerca de 3 mil nas décadas seguintes.


Com base nesse levantamento, foi criada uma classificação de conhecimento geológico das áreas estudadas:


  • Alto conhecimento geológico: processos com relatórios finais de pesquisa positivos entregues;

  • Médio conhecimento geológico: processos com prorrogação do alvará de pesquisa e entrega de relatórios negativos ou sem classificação;

  • Baixo conhecimento geológico: relatórios indistintos ou negativos entregues sem prorrogação do alvará.



Essas informações representam quase seis décadas de investimentos em pesquisa mineral, distribuídos por contextos geológicos estratégicos como a Província Juruena-Teles Pires, a Faixa Brasília e a Faixa Paraguai–Araguaia, regiões com alto potencial mineral e minas em operação atualmente.


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Figura 2: Distribuição de processos inativos com relatório final de pesquisa entregue. Fonte: Jazida.


O estudo revela um acervo de mais de 10 mil áreas com algum grau de conhecimento geológico acumulado. Consolidar esse histórico em uma base estruturada, integrando ANM, SGB e setor privado, poderia evitar a duplicação de esforços e acelerar a geração de conhecimento geológico no Brasil.


Entre os anos de 2020 e 2023, o investimento em pesquisa mineral no Centro-Oeste e Tocantins ultrapassou R$ 1,12 bilhão, segundo dados da ANM. Já os investimentos em lavra superaram R$ 15 bilhões no mesmo período, refletindo o caráter intensivo em capital da fase operacional.


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Figura 3: Evolução de investimentos na mineração entre 2020 e 2023 no Centro-Oeste e Tocantins. Fonte: Anuário Mineral Brasileiro ANM.


Organizar e preservar o conhecimento gerado hoje é garantir que, nas próximas décadas, o setor não precise reiniciar o ciclo exploratório do zero, preservando o investimento em exploração mineral aplicado e fortalecendo a competitividade mineral brasileira.


Projetos pré-operacionais: o potencial ainda adormecido


Atualmente, há cerca de 1.600 direitos minerários em fase pré-operacional na região estudada. São projetos que já concluíram a pesquisa mineral e apresentaram o relatório final de pesquisa.


Esses empreendimentos podem ser divididos em dois grandes grupos:


  • Baixo risco (de investimento): relatórios aprovados ou requerimentos de lavra em análise pela ANM;

  • Alto risco (de investimento): relatórios finais ainda sob análise da ANM.

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Figura 4: Distribuição dos processos em fase pré-operacional conforme o tempo desde sua entrada nessa etapa. Fonte: Jazida.


Aproximadamente 75% desses direitos chegaram à fase pré-operacional há menos de 10 anos, mantendo uma janela de maturidade atraente para investidores. Eles se concentram em áreas geológicas de alto potencial, como a Faixa Brasília, a Faixa Paraguai–Araguaia e a Província Juruena–Teles Pires.


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Figura 5: Distribuição dos processos ativos em fase pré-operacional. Fonte: Jazida.


Embora muitos desses projetos não sejam de classe mundial, o avanço de empreendimentos de pequeno e médio porte pode gerar impactos significativos em emprego, arrecadação e desenvolvimento regional, contribuindo para a dinamização econômica do interior do país.


Previsibilidade para a produção mineral: onde estão os gargalos?


Alguns dos principais questionamentos são: por que tantos direitos minerários não chegam à fase de produção? A falta de investimento após a concessão de lavra é o maior obstáculo ou o problema está na morosidade para obter a portaria de lavra?


Entre 2005 e 2025, foram 238 concessões de lavra outorgadas para as substâncias analisadas no levantamento, das quais 124 tiveram produção mineral registrada com recolhimento de CFEM. Cerca de 86% das concessões que tiveram produção mineral, iniciaram a produção em menos de cinco anos, e 81 delas em menos de dois anos


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Figura 6: Distribuição das 238 concessões de lavra (com ou sem produção mineral). Fonte: Jazida.



Esses números indicam que o problema não está, necessariamente, no capital disponível para iniciar as operações, mas possivelmente na demora entre a pesquisa e a concessão da lavra.


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Figura 7: Concessões de lavra ativas entre 2005 e 2025, com produção mineral. Fonte: Jazida.



Desde a década de 1970, foram identificadas 502 concessões de lavra publicadas no Centro-Oeste e Tocantins. Nas décadas de 1970 e 1980, a transição entre pesquisa e lavra era relativamente ágil, a maioria obtinha portaria em até cinco anos. Desde os anos 1990, o tempo médio começou a crescer. Nos últimos 20 anos, a média tem oscilado entre 5 e 10 anos, com alguns exemplos que chegam a ultrapassar dez anos.


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Figura 8: Distribuição das concessões de lavra por década e tempo decorrido entre a entrega do Relatório Final de Pesquisa e a obtenção da concessão. Fonte: Jazida.


Essa morosidade crescente é um dos principais vetores de inibição do desenvolvimento mineral no país. Em um contexto global de transição energética e alta demanda por minerais críticos, reduzir o tempo de maturação dos projetos é essencial para que o Brasil possa competir em escala internacional.


Momentos de alta nas commodities reforçam a importância da agilidade e previsibilidade regulatória. São nesses ciclos que os projetos se estruturam, recebem capital e podem ser viabilizados rapidamente. Contudo, a demora na concessão faz com que muitos se tornem projetos adormecidos, perdendo o timing de mercado e retardando o avanço do setor.


Eficiência e dados como pilares do desenvolvimento mineral


O estudo conduzido pelo Jazida.com reforça que dados estruturados, previsibilidade e gestão eficiente são os pilares para destravar o potencial mineral brasileiro. A consolidação do conhecimento geológico e o fortalecimento das etapas pré-operacionais representam o caminho para transformar desafios históricos em novas oportunidades, com tecnologia e transparência.


Com o Jazida.com, profissionais e empresas podem acessar, cruzar e interpretar informações minerárias, ambientais e fundiárias em uma única plataforma, gerando análises estratégicas como as apresentadas neste estudo.


Quer ter acesso a mais conteúdos como esse? Acesse a seção Análises do setor mineral no Blog do Jazida.


Oportunidades e desafios do setor mineral brasileiro


1. Qual é o principal objetivo do estudo realizado pelo Jazida?


O estudo teve como objetivo identificar gargalos e oportunidades na evolução dos direitos minerários no Centro-Oeste e Tocantins, com base em dados oficiais da ANM. A análise aborda desde o acúmulo de conhecimento geológico até a maturidade dos projetos pré-operacionais, fornecendo insights estratégicos sobre o desenvolvimento mineral brasileiro.


2. Quais fatores podem dificultar o avanço dos projetos de mineração no Brasil?


O levantamento indica que a morosidade regulatória entre a entrega do Relatório Final de Pesquisa (RFP) e a concessão de lavra é um dos fatores que dificultam o avanço dos projetos de mineração no Brasil. Em muitos casos, esse intervalo ultrapassa dez anos, atrasando a entrada de projetos produtivos no mercado e reduzindo a competitividade do país.


3. Como o Jazida.com pode ajudar profissionais e empresas da mineração?


Com o Jazida.com, é possível realizar análises semelhantes às apresentadas no estudo, cruzando dados minerários, ambientais e fundiários em tempo real. A plataforma oferece ferramentas de mapeamento, alertas automatizados e dashboards inteligentes que facilitam o acompanhamento de processos e a tomada de decisões estratégicas.


4.Quais as substâncias analisadas no estudo?


  • Minerais críticos: lítio, terras raras, cobalto, platina, silício, titânio, cobre, tálio, urânio, tungstênio, estanho, nióbio, tântalo, grafita, níquel, vanádio, molibdênio e minerais pesados;

  • Metais preciosos: ouro e prata;

  • Fertilizantes e sais: fosfato, potássio, salgema e nitrogenados;

  • Calcário;

  • Metais base: alumínio, chumbo, ferro, manganês, zinco e cromo.




Fonte Minera Brasil

 
 
 

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