top of page

O novo perfil do mineiro

O perfil dos empregados das mineradoras está em processo de mudança. Isso não significa que se deixará de ter geólogos, engenheiros e operadores, mas que esses vão ganhar a companhia de uma outra categoria que vai crescer em tamanho e participação. Além disso, quem está hoje lá vai precisar adquirir novas habilidades. Ou mudar de emprego.


Uma das frases acima é praticamente uma repetição de um texto publicado há duas semanas, "2030: Uma Odisseia Mineral", que abordava algumas previsões para o setor pautadas pelo aumento do conteúdo tecnológico das minas e de seus trabalhadores.

No que diz respeito a novas habilidades, não estou falando de soft skills, muitas vezes traduzidas como habilidades pessoais, pois estão ligadas ao comportamento e à personalidade. Um documento publicado em novembro passado pela OCDE, sobre o futuro do trabalho, diz que a principal habilidade soft requerida será a resiliência, devido ao aumento da incerteza e aceleração das mudanças. E essa resiliência precisa vir acompanhada de quatro coisas: motivação e compromisso com as metas, capacidade de solucionar problemas de forma criativa, aprendizagem rápida e colaboração.

Uma vez que um dos direcionadores das mudanças é a retirada de trabalhadores de ambientes insalubres e atividades perigosas, alguma coisa ou alguém terá que fazer o serviço, seja um robô, um equipamento não tripulado ou um motorista com um joystick na mão e um smart glass na cabeça a mil quilômetros de distância.

Neste exemplo, um piloto de um caminhão de mineração é substituído por um piloto que não usa EPI e talvez nunca tenha entrado em uma mina, mas sabe ler com precisão um painel similar ao de um avião, entende de sensores, programação e telecomunicação.

É quase um consenso que a resiliência ajuda o trabalhador a se adaptar à automação, mas como adquirir essa habilidade é outra história. A dica aqui é ficar de olho nos resultados do The Jobs Reset Summit 2021, literalmente uma reunião sobre a "redefinição do emprego". Quem pensou "ué, o emprego precisa ser resetado"? Deve se preocupar em dobro.


O início do documento traz os seguintes dados de 2020: a força de trabalho global perdeu o equivalente a 255 milhões de empregos em tempo integral, cerca de US$ 3,7 trilhões em salários e 4,4% do PIB global. Bem, a mineração não vai mal, contudo muitos setores vão buscar reajustes e, com isso, o setor mineral também terá que se mexer, mas, para onde?

E aqui aparece outro direcionador, que é ajudar as comunidades onde as minas estão inseridas a passar por essa transição global da forma mais saudável possível. De olho nesses dois direcionadores e no contexto econômico, o Conselho Internacional de Mineração e Metalurgia (ICMM) com o Fórum Econômico Mundial registraram sete ideias a partir de uma pesquisa com executivos do setor.

A primeira delas é que as mineradoras se concentrem na adoção de três tecnologias-chave nos próximos quatro anos: robótica não-humanoide; Internet das coisas (IoT) e dispositivos conectados; análise de big data. Nada de muito novo. A segunda é qualificar a mão-de-obra local para esse grande desafio, pois a falta de qualificação de trabalhadores é a maior barreira para a adoção dessas novas tecnologias.

Em terceiro lugar, as empresas do setor identificaram que cerca de 48% dos funcionários demandam requalificação nos próximos quatro anos para acompanhar a evolução das tarefas que vinham executando.

O quarto ponto é uma constatação: nos próximos quatro anos, o conjunto de habilidades do funcionário médio mudará em 40% e a maioria das empresas espera que os funcionários em atividade adquiram essas habilidades no trabalho e tinham isso como sua principal estratégia para atender à demanda de habilidades em constante mudança.

Como resultado disso, 37% dos executivos consultados acreditam que tanto a aprendizagem como o desenvolvimento dessas novas habilidades serão em boa parte adquiridos internamente, em vez de serem originados de programas de treinamento externos, por exemplo. E essa foi a quinta dedução.

O sexto ponto diz que a proporção média de trabalhadores de mineração e metais em risco de realocação ou substituição foi estimada em 20% (em comparação a 14,2% no setor de petróleo e gás e 11% na agricultura, alimentos e bebidas).

Apesar das diferenças em habilidades e perfis de trabalho, os tipos de empregos redundantes e o foco dos programas atuais de requalificação e capacitação (entendida aqui como o aprimoramento de habilidades) eram semelhantes mesmo em países diferentes, considerando os tipos de habilidades e funções emergentes.

Mas que funções são essas? O texto traz uma lista e todas elas estão associadas às três tecnologias-chave: cientistas e analistas de dados, engenheiros de robótica, desenvolvedores de aplicativos e cientistas de sensores. Sem falar em um batalhão de especialistas em inteligência artificial e machine learning, transformação digital, internet das coisas, big data e automação de processos.

A mensagem é clara: não espere que preparem esses novos profissionais para serem colhidos no mercado. Se una a escolas técnicas e universidades, ajuste os treinos básicos, invista em estágios e outras formas de treinamento e mentoria; e, sobretudo, converse direito com as comunidades onde estão os seus futuros empregados.


Fonte: Noticias de Mineração do Brasil

0 comentário
bottom of page