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Mineração baiana investe em inovações tecnológicas

Reaproveitamento de resíduos, softwares modernos e automação são exemplos do que o setor tem implementado.


Jumbo modelo Boomer M2C agregará mais eficiência às operações da Ero Brasi. (Foto: Divulgação/Ero Brasil)




Impulsionada pelos investimentos em inovação tecnológica e pesquisa, a cadeia produtiva da mineração abre portas para novos negócios na Bahia. Atualmente, o setor industrial minerário está atento à reutilização de resíduos e rejeitos. Assim, substâncias que antes eram descartadas passam a ter utilidade em outros processos produtivos, o que reduz os impactos ambientais e aumenta a lucratividade.


As aplicações que são desenvolvidas para os resíduos da mineração se destinam à indústria química, à agricultura e à construção civil. Segundo a pesquisadora e líder técnica do SENAI CIMATEC, a engenheira química Fernanda Torres, todos os resíduos têm algum potencial de reaproveitamento. “O que define a possibilidade de aplicação são as rotas tecnológicas”, explica.


Em Maracás, a Largo conta com um projeto em fase de implementação que reduzirá de 20% a 25% do rejeito não magnético gerado na planta de pentóxido de vanádio, e reutilizará, nesse processo, mais de 98% de água. Para dar suporte à produção de pigmento de titânio, a companhia está construindo uma planta de ilmenita com capacidade para produzir 145 mil toneladas por ano do mineral.


“O diferencial é que, para produzir o mineral, que será destinado como matéria-prima para a produção de pigmento de titânio da própria Largo, não haverá nenhum impacto adicional ou aumento de mineração, uma vez que a Ilmenita está presente na mineração do próprio vanádio”, detalha o CEO da companhia, Paulo Misk. O projeto vai gerar 270 postos de trabalho na fase de construção e 50 empregos diretos na operação.


Alternativa à importação de fertilizantes


Em um momento em que tanto se discute os altos valores nos preços dos fertilizantes para o agronegócio, o que foi agravado com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o reaproveitamento de resíduos provenientes da mineração representa uma alternativa capaz de gerar economia e sustentabilidade, segundo a opinião do doutor em geologia e pesquisador da Embrapa Eder Martins.


“Um dos produtos que podem ser utilizados para diminuir a importação de fertilizantes, em grandes quantidades, são os remineralizadores de solo. A técnica consiste em aplicar ao solo rochas moídas compostas por minerais que contribuem para a melhoria da fertilidade do solo, possibilitando seu rejuvenescimento”, explica Martins.


De acordo com os estudos mais recentes, a remineralização aumenta a eficiência na absorção dos fertilizantes, o que leva à redução gradativa do seu uso ao longo dos ciclos.

Além disso, a prática reduz o consumo de água nas plantações por gerar plantas com sistema radicular (responsável pela conexão entre as plantas com o solo) mais eficientes. Na Bahia, a presença de potássio e outros multinutrientes indicados para a remineralização do solo já foram identificados pelo Serviço Geológico do Brasil na região de Campo Formoso e Pindobaçu.


Em Maracás, a Largo conta com um projeto em fase de implementação que reduzirá de 20% a 25% do rejeito não magnético gerado na planta de pentóxido de vanádio. (Foto: Divulgação/Largo)




Mármore Bege Bahia

A construção civil também pode se beneficiar do reaproveitamento de resíduos na mineração. Em Ourolândia, único lugar do Brasil onde é encontrado o mármore bege Bahia, os blocos e o pó resultantes da extração eram um problema até bem pouco tempo. Nos últimos anos, porém, um projeto inovador tem feito com que estes materiais sejam usados na produção de um novo tipo de cimento e também em argamassa autoadensável, substituindo calcário, argila e areia.


Lideram a iniciativa a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), por meio de sua unidade credenciada Senai Cimatec, Sebrae, Associação dos Empreendedores de Mármore Bege Bahia, Sindicato de Mármores e Granito do Estado da Bahia (Simagran) e Instituto de Desenvolvimento do Mármore Bege Bahia Gian Franco Biglia (IDEM – GB).


Baterias elétricas


A indústria global da eletromobilidade já tem sido abastecida com inovações tecnológicas made in Bahia. É que o níquel sulfetado, produzido pela Atlantic Nickel em Itagibá, tem sido exportado desde 2021 para o mercado europeu por meio do Porto de Ilhéus. Somente no ano passado foram 110 mil toneladas correspondentes a 11 embarques.


Para o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, a capacidade de inovação tecnológica referente à produção mineral baiana mostra o potencial do estado para a instalação de novas indústrias. “Se temos aqui matérias-primas, por que ainda não temos produção das baterias elétricas aqui no estado, por exemplo?”, questiona.


Outras inovações


Para proporcionar um ambiente mais agradável para os trabalhadores e um significativo aumento de produtividade, a Ero Brasil (antiga Mineração Caraíba) adotou em Jaguarari o sistema Mining Control como software de controle operacional e de gerenciamento de equipamentos. Com a inovação, a companhia obteve benefícios como a maior precisão das perdas e ciclos, otimização da logística e agilidade para a tomada de decisão.

A Ero Brasil também adquiriu, recentemente, um novo Jumbo (modelo Boomer M2C) para as operações na mina subterrânea da unidade Pilar. O novo equipamento oferece mais conforto ao operador, redução do ciclo operacional, parada automática, sensor de movimento e aumento na metragem desenvolvida, além de assegurar uma maior qualidade de perfuração.


Em Jacobina, a JMC Yamana Gold desenvolve o Projeto de Automação do Sistema de Ventilação das Minas Subterrâneas, que já gerou, desde 2019, uma economia de mais de 25 milhões de kW - redução que equivale ao consumo de quase 11 mil residências durante um ano. Hoje, os ventiladores são comandados diretamente da Central de Controle da Mina e são desligados quando não há atividade durante o turno.

A RHI Magnesita tem, em Brumado, um programa de inovação aberta onde seleciona startups que apresentem soluções inovadoras para processos de previsão de demanda e eficiência energética. A iniciativa tem como benefício a possibilidade de contratação para a realização de testes industriais remunerados.


Infográfico interativo usa Big Data

Sempre atenta às inovações tecnológicas, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) desenvolveu, em abril do ano passado, o infográfico interativo “Bahia, Terra de Minérios”, o qual apresenta a arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) em 225 municípios baianos.


A base de dados do infográfico (que pode ser acessada neste endereço: http://bit.ly/cfembahia) possui mais de 1,2 milhão de registros. Para fazer a análise, foi desenvolvido um sistema que converte e transfere a base disponibilizada pela Agência Nacional da Mineração (ANM) para o sistema de computação nas nuvens BigQuery, do Google. A atualização das informações é feita semanalmente.


Tecnologia de ponta


A CBPM tem uma programação contínua de pesquisas para os territórios do estado, por isso necessita de equipamentos de ponta para serem usados pelas equipes qualificadas que possui. No início de 2022, a CBPM adquiriu um aparelho cujo investimento foi de mais de R$ 1 milhão.


“Trata-se de um Gravímetro CG-6, de alta resolução, o que há de mais moderno no mundo, que vai proporcionar a redução de custos com aluguel de equipamentos de terceiros, além de diminuição no tempo de análises e resultados ainda mais precisos”, acrescenta o especialista.


Levantamentos Aerogeofísicos


Neste segundo semestre de 2022, a CBPM vai apresentar os relatórios dos levantamentos aerogeofísicos que foram finalizados, em maio, na região Norte da Bahia. O trabalho de análise feito para a descoberta de novas substâncias contou com equipamentos modernos, parte de um projeto inovador – para o qual foi necessário alto investimento por parte da CBPM, e utilizou sistemas aerotransportados eletromagnéticos nos quais helicópteros foram usados como plataforma.

Ao todo, foram cobertos 1.178 quilômetros quadrados, que correspondem a mais de seis mil quilômetros lineares de dados aerogeofísicos. “As análises efetuadas sobre os dados preliminares indicam vários alvos geofísicos promissores para descoberta de novos corpos mineralizados para sulfetos polimetálicos”, explica o mestre em geofísica Ives Garrido, responsável pelos Projetos Geofísicos da CBPM.



Fonte: Correio 24h

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