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Mineração baiana deve receber US$ 12,8 bilhões em investimentos

Produções de cobre, zinco, bauxita, ferro, vanádio e calcário serão beneficiadas


Historicamente, as regiões mais próximas ao litoral são mais favoráveis para o desenvolvimento no Brasil. A colonização do país se iniciou nas áreas próximas ao mar, até pela facilidade de exportação. Mas desde os primórdios da história deste país, a mineração subverte esta lógica. O ouro primeiro, depois o ferro, foram descobertos longe do litoral e ajudaram a dar nome a um estado brasileiro – Minas Gerais. E agora, por um capricho da natureza, a Bahia tem a oportunidade única de desenvolver o seu interior, graças às riquezas minerais. 


As perspectivas para o setor mineral baiano a médio e longo prazo são igualmente positivas. As 20 principais mineradoras do país anunciaram planos de investir nos próximos anos aproximadamente US$ 40 bilhões, de acordo com dados do Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram), com previsão da geração de 63 mil empregos diretos e indiretos. Deste total, US$ 12,8 bilhões serão investidos na Bahia, em projetos relacionados à produção de cobre, zinco, bauxita, ferro, vanádio e calcário, entre outros. O volume previsto para o estado representa 32% do total para o Brasil. 

Mesmo com a crise provocada pelo coronavírus, o setor tem uma previsão de aumentar em 11% os investimentos este ano. 

Por uma questão de justiça é importante ressaltar que a atividade já exerce o papel de transformação socioeconômica no estado. Mesmo no período atual, marcado por quedas na atividade econômica e perspectivas de desemprego, a mineração baiana registra um crescimento de imponentes 59% no primeiro trimestre do ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Sindimiba, sindicato que representa as empresas de mineração no estado. Isso porque novas minas entraram em operação, operações foram ampliadas, mas o melhor é que ainda há espaço para crescimento. 


“A Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) vai exercer um papel tão significativo para o desenvolvimento da economia baiana que às vezes é até difícil de mensurar”, diz o presidente do Sindimiba, Paulo Misk, que também é CEO da Largo Resources, dona da Vanádio de Maracás. 

Ele destaca a projeção para o aumento do pagamento de Cfem, o royalties da mineração, como um exemplo do impacto econômico que se pode esperar para o estado. “O Brasil tem uma arrecadação de Cfem de R$ 1 bilhão, mas o total de tributos federais, estaduais e municipais recolhidos pelas mineradoras é da ordem de R$ 12 bilhões”, destaca. A proporção entre o Cfem e o ICMS normalmente é de R$ 3 arrecadados em ICMS para cada R$ 1 pago em royalties. 

Mas o impacto vai além, destaca. “Nossa atividade gera, em média, 11 empregos por cada hectare de terra utilizado. Além disso, cada emprego criado na mina permite a geração de outros 11 empregos no decorrer da cadeia de produção”, explica Paulo Misk. 


O presidente do Sindimiba lembra que há décadas a mineração tem ajudado municípios do interior baiano com a geração de emprego e renda. É o que se pode notar em cidades como Jacobina, Brumado, Jaguarari e Campo Formoso e, num passado mais recente, nos municípios de Itagiba ou Maracás, entre outros. 

“Este efeito multiplicador de riquezas, gerador de renda, vai se ampliar pelo interior da Bahia com a Fiol. E olhe que não se trata de um projeto que vai atender apenas à mineração. Vai criar um ciclo virtuoso, com a geração de renda a partir da mineração se difundindo para uma série de outras atividades” Paulo Misk, presidente do Sindimiba e CEO da Largo Resources

Ele acrescenta que o momento em que se discute a retomada das obras e a conclusão do projeto é bastante positivo para a Bahia. “Nós estamos vendo o quanto o setor de serviços foi impactado pela Covid-19. A mineração segue com os preços de seus produtos valorizados e pode dar uma enorme contribuição para a recuperação econômica”, projeta. “Nem sempre se percebe isso por se tratar de um setor na base de outras cadeias produtivas”, destaca. 


Grandes oportunidades  O presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, destaca que logo de cara a implantação da Fiol vai permitir o início de uma operação da Bamin, que vai produzir inicialmente 20 milhões de toneladas de minério de ferro. 

"Tão logo a infraestrutura (da Fiol) seja implantada, ainda temos a expectativa de outros projetos, que deverão elevar a capacidade de produção em um curto espaço de tempo para até 40 milhões de toneladas por ano" Antonio Carlos Tramm, presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM)

Além disso, Tramm acredita que a oferta de infraestrutura de produção poderá estimular a atração de um polo para o beneficiamento da produção baiana de rochas ornamentais. Atualmente, a Bahia está entre os principais produtores do bem mineral no país, mas as rochas deixam o estado sem beneficiamento e, por isso, com baixo valor agregado. “Com uma estrutura adequada para a movimentação, alfândega associada ao eixo ferroviário, podemos deixar de enviar as peças brutas para o Espírito Santo e passar a exportar produtos de alto valor agregado”, diz. 


Ele destaca ainda o potencial para o beneficiamento da cadeia de quartzo, da implantação de uma estrutura para a lavra-beneficiamento do ferro gusa nos municípios de Jequié, Boa Nova e Ibicuí, além do beneficiamento do minério de ferro, com o processo chamado de pelotização. 

Outro benefício, acrescenta, será o aumento na segurança das operações para o transporte do urânio produzido pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A região Sudoeste da Bahia possui reservas de 99,1 mil toneladas de urânio. A Província Uranífera de Lagoa Real está localizada em uma área de 1,2 mil quilômetros quadrados (km²) onde já foram identificados 38 depósitos do mineral com alto grau de pureza. Atualmente, o transporte do material produzido é feito pelas rodovias baianas. “Podemos ter uma operação muito mais segura, retirando este urânio pela ferrovia e despachando ele pelo Porto Sul”, defende Tramm. 

O presidente do Ibram, Flávio Penido, lembra que a extração do minério depende essencialmente de uma boa logística para ser bem sucedida. “O preço final do minério é extremamente afetado pela logística, a tal ponto que se não tiver boas condições inviabiliza o empreendimento. A Bahia é o maior estado produtor de sete bens minerais, tem uma produção expressiva de diamantes, mas pode se destacar ainda mais”, acredita. 

A condição de principal destino das pesquisas minerais no país é mais um fator que indica boas perspectivas de futuro para a mineração baiana, acredita Penido. “Os projetos na mineração são feitos a médio e longo prazo, faz-se muita pesquisa, mas em determinado momento eles acontecem. Então, eu acredito que teremos muitas outras boas notícias da Bahia”, diz, ressaltando o trabalho da CBPM na oferta de informações básicas de pesquisa sobre o subsolo baiano. 



Fonte: Correio da Bahia

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