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Futuro da Mineração: O que esperar do setor nos próximos anos?

Por Gustavo Emina*


O quinto mês do ano está terminando e ele é bastante significativo para a mineração, uma das principais atividades humanas para o desenvolvimento da sociedade, já que em 07 e 14 de maio comemorou-se, respectivamente, o Dia Mundial da Mineração e o Dia do Minerador. Marcado por ações de pesquisa, exploração, extração e beneficiamento de minérios, o setor mineral é considerado por muitos como “a indústria das indústrias”, já que serve de base para a evolução dos segmentos de eletrificação, eletrônicos, transporte, construção civil, saúde, alimentos, etc.

A atividade mineradora é bastante antiga, com seus primeiros registros datando do Período Neolítico, por volta de 400 a.C., sendo que no Brasil ela teve um papel fundamental durante a colonização, contribuindo ativamente para o desenvolvimento do país. O panorama da mineração ganhou um novo significado a partir do século XX, com o incentivo da profissionalização e da automação, que estão moldando as bases para o futuro da atividade, pautado em tendências como a utilização de recursos sustentáveis, a adoção de tecnologias avançadas e a pressão social por mais responsabilidade e transparência.

Atualmente, inúmeras companhias do setor estão adaptando seus processos e buscando alternativas inovadoras e sustentáveis. Um exemplo disto é a utilização da Inteligência Artificial (IA), tecnologia que pode ser empregada na identificação de novas áreas em potencial, na previsibilidade das propriedades presentes nos minerais de determinada região, na análise de dados geológicos, ambientais, econômicos e sociais, na otimização dos processos de extração e beneficiamento, e no monitoramento da condição das máquinas e equipamentos, evitando falhas e aumentando a eficiência. Técnicas de IA e de Machine Learning (aprendizado de máquina) também estão sendo empregadas na segurança e na eficiência ecológica de projetos de mineração, auxiliando as equipes a identificarem e evitarem situações de risco, além de tomarem decisões mais acertadas sobre a diminuição de seus impactos no ambiente.

A New Wave, por exemplo, holding global focada no desenvolvimento de rotas e tecnologias inovadoras e sustentáveis para o setor minero-siderúrgico, desenvolveu uma técnica disruptiva e com patente verde para a segregação de minerais por meio de micro-ondas: o Método Wave. Neste processo, não é necessária a utilização de barragens de rejeitos, já que os poucos resíduos inertes são empilhados a seco. Além disso, o método também permite a recuperação de diferentes minerais estratégicos de forma sustentável, já que 99% dos ácidos utilizados são reciclados e recirculados, sem a dispersão destes no ambiente. A companhia ainda utiliza técnicas de IA e Machine Learning para o desenvolvimento de outras tecnologias que possam ser aplicadas no setor mineral.

Além dessas, outras tecnologias emergentes apresentam grande potencial de transformar o setor mineral nos próximos anos, como: nanotecnologia, empregada no desenvolvimento de equipamentos mais eficientes e duráveis; robótica e automação, que facilitam processos e permitem a realização de atividades perigosas para trabalhadores humanos; realidades virtual e aumentada, utilizadas em treinamentos de equipe e visualização de projetos em tempo real; drones e sistemas de monitoramento; Internet das Coisas (IoT), com o uso de diversos dispositivos interconectados e que facilitem a tomada de decisão; impressão 3D para a produção de peças e máquinas; entre outras.

O segmento mineral por si só também apresenta grande potencial de transformar outras áreas da economia, já que está alinhado a diferentes tendências globais. A eletrificação, por exemplo, é uma das principais demandas atuais, impulsionada pela necessidade crescente de que as empresas diminuam suas emissões de gases estufa e melhorem sua eficiência energética. Segundo uma pesquisa da consultoria PwC, os carros elétricos representarão 14% da demanda energética do Brasil até 2040, com uma alta de até 106% ao ano nas vendas desses veículos entre 2022 e 2029.

A mineração é fundamental neste cenário, já que boa parte dos produtos utilizados nas baterias provêm da atividade mineral, como o níquel e o lítio, que contam com reservas ainda inexploradas no país. Um exemplo é o Vale do Lítio (Lithium Valley Brazil), localizado no estado de Minas Gerais, que abriga importantes jazidas de espodumênio, um minério rico em lítio. O aproveitamento dos recursos do local tem o potencial de tornar o Brasil um importante produtor global de lítio, contribuindo para o desenvolvimento da transição energética em curso ao redor do mundo.

Muitas das demandas atuais também se encontram dentro dos pilares do ESG (termo usado para práticas Ambientais, Sociais e de Governança Corporativa), impulsionando diferentes setores da economia a agirem de acordo com princípios éticos e transparentes. A tecnologia blockchain, por exemplo, que possibilita o registro e o compartilhamento de informações de forma descentralizada, pode ser empregada no rastreamento da proveniência dos minérios extraídos, garantindo mais segurança e confiabilidade na cadeia de suprimentos de mineração.

Ainda que exista um longo caminho a ser percorrido até uma digitalização total da indústria mineradora, é possível prever que o futuro do setor é bastante promissor, basta que as empresas tomem consciência das necessidades de mudança, adaptem seus processos e se comprometam com a busca por uma sociedade mais sustentável, igualitária e transparente.



(*) Gustavo Emina é fundador e CEO da New Wave



Fonte: Conexão Mineral


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