Fiol Parada: venda da Bamin entra em modo de emergência
- jurimarcosta
- 7 de abr.
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A disputa, até agora silenciosa: de um lado, a britânica Brazil Iron já colocou uma oferta bilionária na mesa — US$ 1 bilhão — e assinou contrato de confidencialidade. Do outro, um consórcio nacional, formado por Cedro Participações, BNDES e Vale, articula discretamente uma proposta que pode mudar os rumos do empreendimento.
A paralisação repentina das obras do trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), na Bahia, acendeu o alerta. O motivo? A movimentação nos bastidores pela venda da Bamin, empresa controlada pelo grupo cazaque Eurasian Resources Group (ERG) — que, sem fôlego financeiro para continuar a empreitada, corre contra o tempo para fechar negócio com um comprador de peso.
A disputa, até agora silenciosa: de um lado, a britânica Brazil Iron já colocou uma oferta bilionária na mesa — US$ 1 bilhão — e assinou contrato de confidencialidade. Do outro, um consórcio nacional, formado por Cedro Participações, BNDES e Vale, articula discretamente uma proposta que pode mudar os rumos do empreendimento.
Obra parada, pressão nas alturas
A paralisação do trecho 1 da Fiol, com 75% das obras concluídas, virou um verdadeiro imbróglio. Estima-se que sejam necessários quase US$ 1 bilhão apenas para concluir esse primeiro trecho. O projeto completo, com 1.500 km de ferrovia ligando o futuro Porto de Ilhéus (BA) até Figueirópolis (TO), com conexão à Ferrovia Norte-Sul, demanda ao todo US$ 5 bilhões.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já abriu investigação para apurar a suspensão. A Fiol integra o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e a paralisação joga um balde de água fria nos planos do governo de usar a infraestrutura como vetor de crescimento econômico no Nordeste.
Bastidores de uma guerra por logística
A Brazil Iron não esconde seu apetite: quer o ativo logístico da Bamin para escoar sua produção de minério de ferro briquetado a quente — um material de altíssimo valor agregado, com mercado garantido em países europeus e asiáticos. A empresa já teria linhas de financiamento alinhadas com bancos internacionais, agências de exportação e parceiros operacionais. Mas o jogo não está ganho.
O consórcio formado por Cedro Participações, do empresário mineiro Lucas Kallas, ao lado do BNDES e da própria Vale, se movimenta nos bastidores para montar uma proposta competitiva. Fontes próximas às negociações revelam que fundos árabes estão sendo sondados para entrar como investidores no projeto — sinal de que a disputa atraiu interesse de investidores internacionais que também estão de olho no negócio.
Vale cautelosa
A Vale, gigante da mineração, está interessada — mas sem pressa. A empresa avalia que o ativo, embora estratégico, não oferece sinergia imediata com suas operações, já que não tem projetos na região. A participação, segundo apurou o Pipeline, não passaria de 50%.
Mesmo assim, a presença da Vale na disputa pode elevar o preço do ativo e redefinir o modelo de financiamento. E, claro, adicionar uma pitada de pressão política, já que o governo baiano deseja ter a mineradora atuando no estado, conforme apurou o Minera Brasil.
Quem leva a Bamin?
A resposta pode vir nas próximas semanas. A Eurasian Resources está sem caixa para tocar o projeto. O governo federal quer a ferrovia em operação. E investidores de olho em oportunidades, observam, com atenção, o desfecho de um negócio que pode reconfigurar o eixo logístico do minério no Brasil.
Fonte: Minera Brasil
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