O nióbio, que teve uma semana agitada no Brasil, pode ver seu mercado virar de ponta cabeça nos próximos anos. O motivo está em uma empresa inglesa chamada Nyobolt que desenvolveu uma bateria com nióbio para carro elétrico que carrega em menos de um minuto. Isso mesmo, muito mais rápido do que encher o tanque de um carro a gasolina ou etanol.
Atualmente existem três tipos de carregadores: o tipo 1, que basta ligar a bateria em uma tomada de 110v, que precisa de uma noite inteira para carregar; o tipo 2, que usa um tipo de transformador e tem uma tomada de 240v, que corta o tempo de carregamento pela metade; e o tipo 3, que são os postos capazes de abastecer o veículos com cargas rápidas de até 350kWh (DC).
O carro que carrega mais rápido no mundo é o sedã Lucid Air, que ainda não está no mercado e tem 1080 cv. Esse veículo de luxo carrega, em um minuto, o suficiente para rodar 20 milhas, se abastecido com um carregador tipo 3, coisa que ainda não tem no Brasil.
A verdade é que no Brasil, por exemplo, um modelo "popular" como o subcompacto Renault Zoe, que custa mais de R$ 200 mil, tem desempenho abaixo de 4 milhas por minuto em um posto com carregador de 50kW. Ignorando algumas variáveis como o tamanho e o tipo da bateria, bem como o carregador, a conclusão é que se demora algumas horas para carregar um veículo elétrico.
De olho nesse mercado trilionário, a Nyobolt abriu no mês passado um escritório nos EUA e captou US$ 10 milhões para ter no fim do ano um protótipo.
Além da Nyobolt, temos a canadense Niobay entre outros players. Há uma verdadeira corrida para ver quem terá a primeira bateria da geração que vai suceder a íon-lítio. E, na opinião de John B. Goodenough, coinventor da bateria de íon-lítio e ganhador do Nobel de química, o nióbio é bom o suficiente para ser o elemento-chave dessa próxima geração.
Especialistas dizem essas novas baterias com nióbio, ainda em fase de testes, são mais leves, potentes e resistentes ao calor. Todas essas características são relevantes para viabilizar, por exemplo, os carros elétricos voadores. Contudo, o nióbio não é o único corredor, a Tesla investe em modelos de bateria que esticam o tempo de vida do padrão atual e há outras tecnologias como a dos ultracapacitores. A própria CBMM faz suas apostas com a substituição do grafite por nióbio nos anodos.
E o agito do nióbio no Brasil ficou por conta do governo do Estado de Minas Gerais que trocou pela terceira vez o presidente da Codemig, estatal que detém participação na CBMM, para avançar na venda da estatal. Veremos se dessa vez vai, pois aqui se trata de vender uma vaquinha leiteira para gastar o dinheiro com salários e pensões de servidores públicos, ou simplesmente pagar dívidas com o governo federal. Conhece algum empresário que faria isso? Eu, não.
Mas o que interessa aqui é o impacto que uma nova geração de baterias de EV podem fazer com o mercado de nióbio.
O mercado automobilístico brasileiro pode estar longe dessa febre elétrica dos carros, mas perto o suficiente dos grandes mercados consumidores nos EUA e na Europa. A mineira CBMM, objeto de desejo de grandes players, prevê que o mercado de nióbio para baterias vai saltar das 100 toneladas (2020) para 45 mil toneladas anuais em 2030.
Essa empresa, que tem como principal acionista a família Moreira Salles (70%), tem entre 80% e 90% do mercado mundial de nióbio e reservas suficientes para 200 anos de consumo, ou mesmo 500 anos, dependendo da fonte consultada, como no caso da Tantalum-Niobium International Study Center (TIC).
Mas quem precisa hoje de reservas para 500 anos? Quanto mais cedo realizar esse valor, melhor. Vai que encontram outra jazida tão boa quanto a de Araxá (MG) ou descubram um substituto para o nióbio. Como disse Lord Keynes, "A longo prazo, todos estaremos mortos".
Fonte: Notícias de Mineração do Brasil
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