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Brasil registra 83,6 acidentes do trabalho por hora

  • jurimarcosta
  • 22 de mai.
  • 5 min de leitura

Ato e Canto pela Vida, realizado domingo em São Paulo/SP, ocupa praça pública em defesa de redução da jornada, fortalecimento das Cipas e integração de ações ministeriais voltadas para saúde e segurança dos trabalhadores


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nublado dos últimos dias deu lugar ao sol. Um domingo ensolarado. O colorido das faixas e a diversidade de siglas e de pessoas ocuparam mais uma vez a Praça Vladimir Herzog para celebrar o Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho. A segunda edição do Ato e Canto pela Vida reuniu 73 organizações na cidade de São Paulo, em 27 de abril de 2025.


A redução da jornada de trabalho, o fortalecimento das Cipas (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio) e o trabalho integrado entre os órgãos públicos com ações voltadas para a segurança e saúde no trabalho (SST) foram pautas defendidas tanto no manifesto distribuído à população quanto nas falas proferidas durante o evento.


“É importante que haja o direito contínuo e expresso dos trabalhadores estarem organizados em Cipas porque a organização no interior dos locais de trabalho pode derrubar essa acidentalidade cruel que vitimou no ano passado cerca de 3 mil trabalhadores segurados, porque o restante que está informal também está morrendo e não é registrado”, afirma o diretor de Conhecimento e Tecnologia da Fundacentro, Remígio Todeschini.


Segundo dados do AEAT 2023 (Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho da Previdência), elaborados pelo SEE-Fundacentro (Serviço de Epidemiologia e Estatística), 83,65 acidentes do trabalho ocorrem por hora no Brasil, e 2.007,54 por dia, totalizando 732.751 casos. O manifesto distribuído durante o evento destaca o registro de 6.810.735 acidentes desse tipo entre 2013 e 2023. No mesmo período, foram registrados 27.484 óbitos e 1.569.684 afastamentos de mais de 15 dias do trabalho.


“É inadmissível um trabalhador acidentado, mutilado e até chegar à morte com toda tecnologia existente hoje: tecnologia de máquina, tecnologia de processo e tecnologia de treinamento”, alerta o auditor-fiscal do Trabalho, Antonio Fojo da Costa, chefe da Seção de Fiscalização de Legislação da SRTE/SP (Superintendência Regional do Trabalho e emprego no Estado de São Paulo). “Sempre que há um acidente, a empresa tenta culpar o trabalhador, mas isso não é verdade. O trabalhador não recebeu EPI (Equipamento de Proteção Individual) ou treinamento adequado”, completa.


Já a coordenadora do Fórum Nacional das Centrais Sindicais em Saúde das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, Cleonice Caetano Souza, chama atenção para a violência psicológica. "A questão da saúde mental ocupa o terceiro lugar de afastamento do ambiente de trabalho", denuncia. O manifesto, lançado no evento, destaca, segundo dados do Ministério da Previdência Social, a ocorrência de “472 mil benefícios por transtornos mentais em 2024, porém a ocultação continua, porque, desse total, apenas 9.827 foram reconhecidos como do trabalho”.


Para Souza, o fim da escala 6 x 1 amenizaria o adoecimento e casos de acidentes do trabalho. “Chega de morte, vamos falar de vida. Existe vida após o trabalho e nós não podemos deixar dessa luta", defende.


União


Para diminuir os índices de acidentalidade e adoecimentos relacionados ao trabalho, o auditor Fojo aponta a necessidade de união entre sindicatos, órgãos públicos e sociedade civil.


Para Todeschini, um dos caminhos é a integração de ações voltadas para a SST entre os órgãos governamentais. "É preciso que a Vigilância Sanitária trabalhe em cooperação com a Fiscalização do Trabalho, que a Previdência registre a acidentalidade, mortes e doença, e, por fim, precisamos que essa integração seja restabelecida com o Decreto 7.602/11, que teve a participação social retirada pelo governo anterior”, avalia o diretor da Fundacentro.


“É nossa missão dar visibilidade para esse adoecimento, para o impacto do trabalho na vida das pessoas. Em 2024, o Sistema Único de Saúde registrou cerca de 150 mil acidentes de trabalho. Mesmo sabendo que há subnotificação, é um número impactante”, destaca a coordenadora estadual de Saúde do Trabalhador de São Paulo, Simone Alves dos Santos.


Santos ressalta que pessoas ainda morrem no trabalho por queda em altura e máquinas desprotegidas, por outro lado, surgem novos desafios, como as tragédias climáticas, com o impacto de ondas de calor e desastres ambientais. “O fortalecimento da saúde trabalhadora passa pelo fortalecimento do SUS e pelo aumento das equipes dos Cerests para dar conta da nossa demanda e para atuarmos também na prevenção”, conclui.


Ato e Canto pela Vida


A atividade se deu a partir do evento Todo Mundo Tem que Falar, Cantar e Comer, que ocorre no último domingo do mês na Praça Vladimir Herzog em São Paulo/SP.


Assim o Ato e Canto pela Vida, além das falas, contou com apresentação musical de Paulinho Timor e Inimigos do Batente e almoço preparado pelo chefe Og Doria, nos moldes "quem pode paga, quem não pode pega".


Fique por dentro das atividades no Canal da Praça no YouTube e na página da Praça Memorial Vladimir Herzog no Instagram.


Histórico do 28 de abril*


A origem do Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho remete ao movimento sindical do Canadá, que criou data nacional em homenagem a 78 mineiros mortos em uma explosão nos Estados Unidos em 28 de abril de 1969.


Para colocar a dimensão do Trabalho na Agenda do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, o movimento sindical internacional passa a promover essa data a partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, a Chamada Rio 92.


Da Rio +5, em 1997, até a Rio + 10, em 2002, o movimento sindical internacional desenvolve esse processo no âmbito da Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, que se reunia anualmente em Nova York, e realiza ações em todo mundo em memória das vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. Nesse período, na Organização Internacional do Trabalho (OIT), também desenvolve o conceito de Trabalho Decente.


Na Rio + 10, o tema Trabalho passa a fazer parte da Agenda de Desenvolvimento Sustentável.


Em 2003, com a presença do então ministro do Trabalho Jacques Wagner em 28 de abril a Fundacentro realiza a Cerimônia das Velas pela primeira vez no Brasil, que já ocorria em outros países, manifestando o compromisso de luto pelos mortos e luta pelos vivos. Assim é cebelebrado oficialmente o Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho.


Também em 2003 a OIT cria o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho na mesma data.


Em 25 de maio de 2005, a Lei n° 11.121 institui o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.


Saiba mais :



* Histórico reconstruído a partir de pesquisas em matérias ao longo dos anos e depoimentos de Nilton Freitas, que participou desse processo.


Texto: Cristiane Oliveira Reimberg



Fonte: Gov.br

 
 
 

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