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Bahia mineração lança programa Elas por Elas para facilitar o acesso aos cargos de gestão

Carla Fabri, diretora de Recursos Humanos da mineradora, nos conta as principais ações desenvolvidas para alavancar a presença feminina na empresa


A Bamin está construindo um novo corredor logístico de integração e de exportação para a mineração e para o agronegócio para o Brasil, investindo R$ 20 bilhões nos projetos que incluem a Mina Pedra de Ferro, em Caetité, na Bahia, e os projetos de soluções de logística integrada: Porto Sul, em Ilhéus, e o Trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste - FIOL, que ligará Caetité a Ilhéus, com 537 km de extensão. A previsão é de que a FIOL Trecho 1 e o Porto Sul estejam prontos em 2026.

Em 08 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher e, como parte da Edição Especial As Mulheres na Mineração Brasileira, Conexão Mineral entrevistou a diretora de Recursos Humanos da Bamin, Carla Fabri, que nos conta como o tema da inclusão feminina é tratado na empresa, as principais ações desenvolvidas nesse sentido e também apresenta algumas estatísticas.


Conexão Mineral – Lílian Moreira - A Bamin possui algum programa interno para aumentar a diversidade?


Bamin – Carla Fabri - A Bamin implementou recentemente um programa chamado “Elas por Elas” que consiste em um programa de mentoria para mulheres potenciais. As mentoras são mulheres com níveis maiores na organização que recebem formação de mentoria para acompanharem outras mulheres em processo de desenvolvimento de carreira. Assim, uma cresce puxando a outra e entendendo o contexto e desafios para as mulheres assumirem posições de gestão. Essa experiência compartilhada ajudará muito nossas mulheres potenciais a alcançar maiores níveis.


CM - Quantas mulheres trabalham atualmente na sua empresa e qual percentual representam em relação ao total de funcionários próprios? Existe uma meta a ser atingida?


Carla Fabri - Atualmente temos 24% de mulheres na Bamin, corresponde a 67 mulheres em 278 colaboradores ativos. Coincidentemente também 24% total em relação as posições de liderança. São 26 mulheres divididas em: 2 na diretoria, 13 na gerência e 11 na coordenação.


CM – E na área operacional?


Carla Fabri - As mulheres correspondem a 5% do total da operação. A Bamin tem como meta os mesmos compromissos do Ibram para alavancar a presença de mulheres no setor de Mineração. Como meta interna em nossos resultados, perseguimos cada ano números maiores conforme crescimento da nossa empresa.


CM – A mineradora desenvolve algum tipo de ação em março relacionada ao Dia Internacional da Mulher?


Carla Fabri - Sim, a cada ano buscamos engajar as pessoas ao tema de forma diferente.


CM – Poderia citar alguns exemplos de mulheres que se destacam na Bamin?


Carla Fabri - Destaco três feras em nossa empresa que representam nossa força feminina e são lideranças inspiradoras para todos os níveis. A Ana Moreira, nossa Gerente de Geologia e Planejamento, está conosco há 2 anos e lidera um time de especialistas na área de Projetos. Ana possui uma ampla experiência em Mineração e contribui exponencialmente em uma das áreas mais importantes da nossa empresa. A Patricia Albuquerque, nossa Gerente de Planejamento e Controle na Engenharia do Porto Sul, em Ilhéus, que chegou jogando junto ao time de engenheiros e especialistas. Ficamos felizes em ter encontrado em meio a candidatos homens – predominância na área – uma mulher bem qualificada e apta a assumir essa cadeira na Bamin. E a Caroline Azevedo, nossa Gerente Geral de Meio Ambiente e Relações com Comunidades – também no Porto Sul, em Ilhéus. Carol gerencia um time bem diverso que lida com várias frentes que podem impactar na obra do porto. Excelente atuação junto à comunidade, órgãos licenciadores e, principalmente, a área de construção.

Uma das nossas analistas, a Sandra Argolo, da equipe da Caroline Azevedo, criou um programa de segurança chamado "Programas Sociais nas comunidades de Ilhéus: Ações de Saúde e Segurança do Trabalho em prol da prevenção”. Esse programa ganhou a categoria ouro em um dos prêmios mais importantes do país, mesmo disputando com outros 204, de 15 estados. Com esse projeto criado por uma das nossas colaboradoras, a Bamin trabalha para difundir a cultura de prevenção em nossas obras e nas comunidades do entorno, considerando a segurança como item de primeiro valor. Esse reconhecimento exalta o modo da Bamin de conduzir ações de SST com responsabilidade, sempre focado em uma atuação consciente e priorizando a cultura da prevenção.


CM - Qual é a maior dificuldade relatada pela área de Recursos Humanos para aumentar a presença feminina e também estimular a diversidade considerando todos os grupos envolvidos?


Carla Fabri - Acredito que a busca por profissionais qualificados e com o fit cultural com nossa empresa é o mais complicado. Nas áreas da mineração e engenharia a formação é predominantemente masculina, inclusive o interesse pelas áreas. É um trabalho social prévio buscar aumentar o entendimento das jovens em formação a respeito das oportunidades nestas áreas e possíveis trilhas de carreira que possam seguir. Falando em estatística de mercado, estudos anteriores da Korn Ferry - que detêm a informação do mercado de mineração mais consolidado - mostram uma pequena evolução no número de mulheres na área, mas os dados gerais apontados não passam de 13% de mulheres ou pessoas declaradas do gênero feminino em nosso mercado. Isso reflete também a questão da dificuldade em encontrar profissionais com experiência quando se trata de abrir uma posição. Ao olharmos pelo viés de atividades predominantes na mineração – aquelas que não são de escritório - temos atividades de difícil interesse de mulheres também até mesmo pelo escopo da função: operação de máquinas, topografia, exploração entre outras.


CM – Ao longo dos anos teve alguma ação interna para inclusão feminina que não foi bem recebida?


Carla Fabri - Tentamos seguir uma vez com o blind short list e não foi bem recebido pelos nossos gestores. Entendemos que respeitar a diversidade passa por conhece-la e hoje utilizamos outras soluções para trabalhar com vieses inconscientes.


CM - E na sua experiência pessoal, como mulher que atua em um segmento que ainda é predominantemente masculino, tem algum momento que gostaria de destacar?


Carla Fabri - Acredito que além de ser mulher, mas também ser a mais nova entre os Diretores e Heads da Bamin tem sido uma experiência e tanto para minha carreira. Já atuei em empresas com discrepâncias salariais enormes entre homens e mulheres, discricionariamente. Quando somos do RH temos acesso a essa informação. Não tem jeito... Ao perceber o viés de quem tomava as decisões ao promover/dar mérito em escalas diferentes para homens e mulheres, jovens e maduros, entre outros, tomei a decisão de olhar o mercado. Na época, a posição que eu ocupava tinha uma relevância internacional e havia atingido excelentes resultados e contribuições para o negócio. Comparando com pares com escopo menor e performance evidenciada inferior, meu salário chegava a ser 20% mais baixo em comparação ao sexo masculino. Comecei a analisar as demais áreas e vi que a questão era cultural. Ao tentar trazer o tema para a mesa, a surpresa foi ouvir que a premissa era essa mesmo e não tínhamos força enquanto RH para mudar a cabeça de quem dava a palavra final. Isso me fez repensar um pouco qual RH eu quero ser quando observasse esse tipo de situação e, enquanto pessoa, se eu me permitiria passar por isso novamente. Hoje estou à frente de um RH tentando fazer diferente e levando em consideração tudo o que eu passei, busco sempre ter equidade como base nas nossas ações.



Fonte: Conexão Mineral

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