A Vale terá, nesta quinta-feira (22), uma audiência com representantes do governo de Minas Gerais para tentar definir um acordo de reparação dos danos provocados pelo rompimento da barragem em Brumadinho ocorrido em janeiro do ano passado. A expectativa é de que a superação das demandas judiciais, avaliadas em R$ 54 bilhões, possa gerar uma valorização relevante das ações da mineradora.
É possível que ocorra um acordo histórico que livre a Vale de um desgaste internacional sem precedente e permita ao Estado de Minas Gerais injetar recursos em seus cofres. A tragédia deixou 270 mortos. Destes, onze seguem desaparecidos.
Um estudo da Fundação João Pinheiro estima que a Vale tenha que pagar cerca de R$ 26,7 bilhões por impactos sócio-econômicos, para compensar perdas com arrecadação de impostos, além de R$ 28 bilhões por danos morais. O governo disse que a audiência não vai tratar das reparações dos danos ambientais, nem das indenizações das famílias atingidas na tragédia. Outras ações ainda aguardam decisão da Justiça.
Os acionistas representados no conselho da empresa querem um acordo tido como justo, que limpe a lama não só de Minas Gerais, mas do nome e da fama internacional da própria mineradora. A Vale, envolvida nos dois maiores desastres em nível mundial do setor de mineração, sofre a pressão de investidores e de clientes internacionais para garantir a origem correta e sustentável de sua produção extrativa.
Pesam sobre a urgência do acerto entre Vale e Estado as projeções realizadas por fundos de investimento que possuem participação acionária. O fechamento do acordo que se estima ser aceito pelo Estado, de R$ 30 bilhões, permite uma recuperação tributária de R$ 12 bilhões e valoriza as ações, aumentando a capitalização da Vale nas bolsas internacionais, entre R$ 60 bilhões e R$ 90 bilhões.
Portanto, nos bastidores, as negociações estariam correndo para o fechamento de uma proposta na ordem de R$ 21,5 bilhões destinados a obras na Bacia do Paraopeba e no Estado, mais R$ 3 bilhões de investimentos sociais no terceiro setor, coordenados pelo Ministério Público de Minas Gerais, e mais R$ 3,5 bilhões à disposição do governo do Estado, totalizando R$ 28,5 bilhões. Com esse valor, é "bem provável" que as reparações ajuizadas em R$ 54 bilhões por parte da Advocacia-Geral do Estado poderiam ter um acordo.
O pagamento seria realizado em três parcelas, com a primeira na assinatura do acordo, a segunda parte em abril de 2021 e a terceira em abril de 2022.
As informações são do Estado de Minas e O Tempo.
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