A Iniciativa de Mineração de Investidores e Segurança de Rejeitos, que representa mais de 100 fundos com US$ 12,5 trilhões, quase R$ 49 trilhões, em ativos sob gestão, pediu às empresas que fornecessem as informações até esta segunda-feira (17).
As barragens de rejeitos armazenam resíduos semilíquidos de minas em todo o mundo, mas não há um único banco de dados registrando o número existente ou em que condições estão.
A questão ganhou urgência após o colapso de uma barragem em Brumadinho (MG), da Vale, no início deste ano, que matou 300 pessoas. O desastre ocorreu após um acidente semelhante em uma mina operada pela Samarco, em Mariana (MG), em 2015.
O grupo de investidores contatou tanto mineradoras quanto empresas de petróleo e gás, que podem usar barragens de rejeitos em algumas de suas operações. Dos que responderam, 77 empresas confirmaram que tinham instalações de rejeitos, e 118 disseram que não.
Das empresas que somente têm operações de lavra, 61% responderam ao pedido. Entre elas, 29 das 50 maiores mineradoras do mundo, incluindo algumas das maiores do mundo como BHP, Rio Tinto, Vale, Glencore e Anglo American, que publicaram detalhes completos em seus sites.
A Vale respondeu ao pedido em dez dias antes de acabar o prazo. O documento de 32 páginas mostra por exemplo que os gastos com gestão de barragens passou de R$ 92 milhões, em 2015, para R$ 256 milhões, estimados para este ano.
"Agradecemos a oportunidade de nos engajarmos nessa iniciativa, pois estamos comprometidos em trabalhar juntos para assegurar que os padrões de melhores práticas continuem a ser desenvolvidos e aplicados na indústria de mineração", disse o CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, no documento, que está disponível no website da CVM.
Estudo
Os resultados da pesquisa dos investidores indicam que as barragens de rejeitos em torno do número mundial são "milhares", mas o grupo disse que nãpo poderia fornecer um número preciso até que completasse a análise.
"Embora estejamos satisfeitos por tantas empresas terem respondido ao nosso pedido de divulgação, estaremos nos engajando de forma robusta com aqueles que não o fizeram", disse John Howchin, da associação sueca que reúne fundos de pensão, co-líder da iniciativa.
"Não divulgar é inaceitável e representa um risco muito real para o nosso investimento. Estamos agora trabalhando com parceiros para desenvolver um banco de dados global de rejeitos que possa padronizar a geração de relatórios independentes e o monitoramento de rejeitos", afirmou Howchin.
Após o desastre de Brumadinho, o Conselho Internacional de Mineração e Minerais (ICMM) nomeou um acadêmico suíço, Bruno Oberle, para liderar uma revisão independente das barragens de rejeitos e determinar se um padrão global deveria ser aplicado a todas as instalações.
A iniciativa Investor Mining and Tailings Safety Initiative relatou que recebeu respostas de 20 das 22 empresas de capital aberto do conselho, incluindo a Vale.
Em seu apelo às empresas no início deste ano, o grupo disse que "a trágica perda de vidas dos rompimentos catastróficos das barragens de rejeitos de Brumadinho e da Samarco destacam as consequências devastadoras quando algo dá errado".
"Como investidores responsáveis, estamos comprometidos em trabalhar com o setor de mineração para garantir que os padrões verificáveis de melhores práticas sejam desenvolvidos, implementados e mantidos", disse a entidade. Com informações do jornal inglês The Telegraph.
Fonte: https://www.noticiasdemineracao.com