Veículos não tripulados estão sendo utilizados pela Vale no descomissionamento da barragem B3/B4, da mina Mar Azul, em Nova Lima (MG). Os trabalhadores operam as máquinas à distância e ficam fora da mancha de inundação, o que aumenta a segurança. A estrutura é a primeira a receber esse tipo de tecnologia. Desde 2019, a barragem é classificada com o nível de alerta 3, o mais alto na escala de rompimento.
egundo o gerente de implantação de projetos da mineradora, Marcel Pacheco, atualmente nove caminhões, três escavadeiras, duas motoniveladoras, dois tratores de esteira e uma pá carregadeira são operadas remotamente, a partir de um contêiner, a cerca de um quilômetro de distância. A expectativa é de que, até o fim deste ano, outros 20 veículos não tripulados passem a integrar o trabalho.
"Nunca foi feito esse tipo de estratégia com os equipamentos 100% não tripulados. Os caminhões rodoviários aqui são os primeiros do mundo a serem automatizados por operação remota. O importante para nós é estabelecer uma área segura para os trabalhadores. Não entra ninguém nessa área, não expomos ninguém a risco, além de fazer de uma forma que seja segura para não romper, já que é uma barragem que está em nível três de risco", declarou.
Na primeira etapa do trabalho de descomissionamento da barragem B3/B4, que tem cerca de 2,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, a Vale vai retirar uma pilha de estéreis, que basicamente são materiais que não são aproveitados na mineração e que se encontram sobre a barragem. A suspeita dos engenheiros é que esse material está se sustentando sobre os rejeitos. Na próxima etapa, os rejeitos serão, de fato, retirados da barragem, por meio da técnica de fatiamento.
"Essa remoção vai ser feita em fatias de cinco metros. Então, na região a montante, a gente vai retirar uma camada de cinco metros, volta e tira outra camada de cinco metros e vamos fazendo isso em 18 etapas até finalizar a remoção da estrutura como um todo", afirmou Pacheco.
A empresa disse também que a conclusão da retirada dos materiais estéreis está prevista para o início de maio, mas que as chuvas podem afetar o calendário. Não há uma previsão para a remoção total dos rejeitos, já que a tecnologia utilizada está em fase de testes. Um centro de controle dos veículos também será construído em Belo Horizonte. Segundo a Vale, por meio de cabeamento de fibra ótica, será possível operar as máquinas em distâncias maiores.
Apesar da barragem B3/B4 não estar virada diretamente para o distrito de São Sebastião das Águas Claras, conhecida como Macacos, estudos da Vale apontam que, em caso de rompimento, os rejeitos fariam uma curva e atingiria em cheio o distrito, o que o coloca na Zona de Autossalvamento (ZAS). Por esse motivo, em 2019, a população de Macacos que morava na área da mancha de inundação da barragem foi retirada das residências.
A empresa afirma que os moradores poderão retornar às suas casas quando o descomissionamento atingir um nível que não expõe mais a um risco de rompimento da barragem. Atualmente, três barragens da Vale estão em nível 3 de alerta: B3/B4, em Nova lima; Sul Superior, em Barão de Cocais e Forquilhas 3, em Ouro Preto.
As informações são de o Tempo.
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