Pela primeira vez, em pelo menos dez anos, a Vale fechou o balanço com mais dinheiro em caixa que a Petrobras, em 2020, vantagem mantida no primeiro trimestre deste ano, segundo a Economatica.
O estudo sobre a evolução do endividamento das companhias de capital aberto do País nos últimos dez anos, produzido para o Estadão, dedicou um capítulo à parte para as duas empresas brasileiras.
Os números mostram realidades bem distintas entre as duas empresas, cujas dívidas representam quase 40% do endividamento das 239 companhias incluídas na pesquisa consolidada do mercado. Enquanto a dívida bruta da Petrobras teve crescimento real (descontada a inflação) de 55,9% de dezembro de 2011 a março de 2021, a da Vale aumentou apenas 1,3% no período, de acordo com os números dos balanços do período.
Ao mesmo tempo, o caixa da petroleira, ou seja, os recursos disponíveis para pagamento de despesas correntes, teve queda real de 18,5%, enquanto o da mineradora engordou 487,1%.
A dívida bruta da Vale no 1T21 ficou em R$ 12,72 bilhões, contra R$ 17,06 bilhões no mesmo período de 2020 e de R$ 13,36 no 4T21. A dívida líquida totalizou US$ 2,136 bilhões negativos no mesmo período, com um aumento de US$ 1,238 bilhão em relação ao 4T20.
Desalavancagem
Em relação ao período mais recente, a Petrobras informou que o aumento expressivo da dívida bruta em reais se deve, essencialmente, ao impacto da variação cambial nos balanços. Segundo os dados da empresa, a dívida em dólar caiu, em vez de subir, de US$ 87,1 bilhões, em 2019, para US$ 75,5 bilhões em 2020.
A Petrobras disse ainda que a prática de preços internacionais na venda de combustíveis foi "essencial" para continuar a reduzir o seu endividamento, mesmo com crescimento das operações, e que, em linha com o seu Plano Estratégico, continua em processo de "desalavancagem", com o objetivo de diminuir a sua dívida bruta para US$ 60 bilhões até o fim de 2022.
Do lado da Vale, o diretor de Tesouraria e Finanças, Felipe Aigner, diz que a realização de desinvestimentos e o término do ciclo mais intenso de investimentos, com a conclusão do Complexo de Carajás, viabilizaram uma redução gradual do endividamento desde 2017. "O período de 2014 a 2016, quando o preço do minério de ferro caiu abaixo de US$ 40 por tonelada (hoje está na faixa de US$ 200), foi duro para as mineradoras."
Aigner afirma também que, com a rápida recuperação da economia chinesa após os impactos da pandemia, os preços do minério de ferro atingiram patamares historicamente altos. Isso permitiu uma redução adicional da alavancagem da Vale e uma maior geração de caixa, mesmo após a empresa cumprir as suas obrigações de reparação legal pelas perdas de Brumadinho, retomar sua política de distribuição de dividendos e anunciar um programa de recompra de ações.
Valor de mercado
No fim de abril, a Vale ultrapassou a marca de US$ 100 bilhões em valor de mercado, ampliando sua posição como empresa mais valiosa da América Latina. Segundo levantamento feito pela consultoria Economática, a empresa fechou o pregão da B3, a Bolsa paulista, valendo US$ 103,8 bilhões no dia 27, mais de US$ 20 bilhões à frente da gigante do e-commerce argentina Mercado Livre, a segunda colocada.
As informações são de O Estado de S. Paulo.
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