O briquete desenvolvido pela mineradora tem potencial para revolucionar a indústria siderúrgica.
A Vale inaugurou simbolicamente, dia 12 de dezembro, a primeira planta de briquetes de minério de ferro do mundo, na Unidade Tubarão, em Vitória (ES). O briquete desenvolvido pela mineradora tem potencial para revolucionar a indústria siderúrgica e reduzir em até 10% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no alto-forno ou possibilitando a produção de aço com emissão zero no futuro, quando o hidrogênio verde estiver disponível. “Oferecemos um produto que irá apoiar os nossos clientes, os fabricantes de aço, na adaptação às metas de redução de emissões que estão a ser adotadas pelos governos de todo o mundo, contribuindo para o combate às alterações climáticas”, explicou Eduardo Bartolomeo, CEO da Vale. “Além disso, estamos induzindo a neoindustrialização do Brasil, que será baseada na indústria de baixo carbono, e cumprindo mais uma vez a vocação da Vale como âncora do desenvolvimento regional”, disse.
Na cerimônia de inauguração, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, destacou a convergência entre os planos de descarbonização da Vale e do estado: “Como temos um plano de descarbonização, que é uma redução de 27% até 2030, 50% até 2040 e 100% até 2050, a Vale terá um papel fundamental. Este é um passo que será seguido por outros passos em direção à nossa sustentabilidade." O vice-governador e secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, Ricardo Ferraço, destacou a primeira planta de pelotização de minério do País, também no Espírito Santo. Os testes de carga da primeira planta começaram em agosto e apresentaram bons resultados, possibilitando a entrada em operação da primeira planta em 2023. Uma segunda planta em Tubarão está prevista para ser inaugurada no início do próximo ano. Juntas, elas terão capacidade para produzir seis milhões de toneladas anuais. A vale investiu US$ 256 milhões no projeto, que gerou 2,3 mil empregos no pico da construção.
Mais de 30 empresas já demonstraram interesse em receber remessas de briquetes em 2024. Nos dois primeiros anos, a Vale utilizará a produção para testes nas instalações desses clientes. A maioria dos interessados é da Europa e do Oriente Médio, mas há solicitações inclusive do Brasil, garantindo demanda há mais de um ano. Em 2024, as duas fábricas de Tubarão produzirão cerca de 2,5 milhões de toneladas. A produção aumentará gradativamente até atingir 6 milhões de toneladas por ano. “O interesse demonstrado pelos clientes nos dá confiança de que os briquetes estão aqui para revolucionar a produção de aço”, explica Marcello Spinelli, vice-presidente executivo de Iron Ore Solutions. “A descarbonização da siderurgia ocorrerá em etapas. Na primeira, nossos clientes buscam formas de aumentar a eficiência operacional na rota do alto-forno, reduzindo o gasto energético e, consequentemente, reduzindo as emissões de CO2. Já faz a diferença. E na etapa final, quando o hidrogênio verde estiver disponível, o briquete contribuirá para a produção de aço com emissão zero, o que será feito pela rota de redução direta, considerada mais ‘limpa’ que o alto-forno”.
O briquete é produzido a partir da aglomeração em baixa temperatura de minério de ferro de alta qualidade por meio de uma solução tecnológica de ligantes, que proporciona ao produto final alta resistência mecânica. Anunciado pela Vale em 2021, o produto emite menos particulados e gases como dióxido de enxofre (SOX) e óxido de nitrogênio (NOX) quando comparado aos processos tradicionais de aglomeração, além de dispensar o uso de água em sua fabricação. O briquete começou a ser desenvolvido no Centro de Tecnologia de Ferrosos (CTF) da Vale, em Nova Lima (MG), há cerca de 20 anos. A mineradora tinha como objetivo aglomerar minério de ferro por meio de briquetagem, mas os pesquisadores tiveram dificuldade em garantir que o produto mantivesse sua integridade no alto-forno. A Vale desenvolveu uma solução aglutinante que resolveu esse problema. Foram realizados testes em laboratório, depois em fornos de pequeno porte e por fim testes industriais em alto-forno, que comprovaram o desempenho e o valor do produto. Atualmente, a Vale está desenvolvendo uma versão do briquete para a rota de redução direta. Os testes experimentais foram realizados com sucesso e a empresa já iniciou o primeiro teste industrial, em um reator na América do Norte.
O briquete faz parte da estratégia da Vale de reduzir em 15% as emissões de escopo 3, aquelas relacionadas à cadeia de valor, até 2035. A empresa já assinou acordos para oferecer soluções de descarbonização com mais de 50 clientes, responsáveis por 35 % dessas emissões. Entre as soluções propostas está a construção de fábricas de briquetes co-instaladas nas instalações de alguns clientes. A Vale também pretende reduzir suas emissões líquidas diretas e indiretas de carbono (escopos 1 e 2) em 33% até 2030, como um primeiro passo para zero emissões líquidas até 2050.
Fonte: Brasil Mineral
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