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Steinmetz cria empresa falsa e contrata espionagem para obter provas contra Vale

O bilionário israelense Benjamin Steinmetz criou uma empresa de fachada para contratar ex-executivos da Vale e tentar encontrar provas para recorrer de uma derrota judicial que teve em um tribunal arbitral favorável à Vale, conforme reportagem publicada pela revista Piauí. O processo é relativo à parceria entre a Vale e Steinmetz para exploração do gigantesco depósito de minério de ferro Simandou, que naufragou após o governo da Guiné acusar o israelense de corrupção e suborno para conseguir os direitos minerários.


Segundo informações levantadas pelo periódico, o bilionário contratou uma empresa privada de espionagem e começou a fazer contatos com ex-executivos da mineradora na tentativa de achar provas contra a Vale, reabrir o processo e evitar o pagamento de US$ 2,2 bilhões à mineradora brasileira, que teve ganho de causa no tribunal arbitral.

Os investigadores da Black Cube, uma das maiores agências privadas de espionagem do mundo, entraram em contato com os brasileiros por meio de uma empresa de fachada, a Mersus Energy. Diziam que queriam contratar os serviços deles para negócios em outros países, em encontros regados a muito luxo e viagens internacionais.

O primeiro encontro, segundo a Piauí, foi com o consultor na área de mineração, o economista José Carlos Martins, que foi durante dez anos, entre 2004 e 2014, um dos mais influentes diretores da Vale. Ele foi sondado pela Mersus para uma consultoria em um projeto de mineração no Peru, pela qual receberia US$ 10 milhões.

Os supostos executivos da Mersus queriam ter conversas pessoais com Martins antes de fechar o negócio, e regalaram o consultor com alguns afagos. Em um jantar que foi gravado em áudio e vídeo, Martins disse que, mesmo com as suspeitas de irregularidades, a Vale aceitou associar-se a Steinmetz no projeto de exploração da mina, em 2010. "Nós sabíamos que o negócio cheirava mal", declarou.

A revista afirma que o segundo encontro foi com o economista Alex Monteiro, que ocupou um posto relevante na área financeira da mineradora e hoje é superintendente financeiro da Neoenergia, com sede no Rio de Janeiro. O disfarce era também uma proposta de consultoria, de cerca de US$ 10 milhões, e o assunto deveria ser discutido pessoalmente em Buenos Aires, na Argentina.


Com a chegada da pandemia, no entanto, a conversa acabou ocorrendo via Skype. Segundo a gravação, Monteiro disse que, embora uma auditoria da Vale não tenha encontrado nenhuma anormalidade na Beny Steinmetz Group Resources (BSGR), "havia aquele cheiro de que alguma coisa tinha sido feita de maneira errada".

O israelense acredita que as declarações de Martins e Monteiro e de advogados da Vale, também secretamente gravados pela Black Cube, são provas suficientes para continuar enfrentando a mineradora judicialmente e para evitar o pagamento da indenização bilionária.

Uma outra estratégia de Steinmetz foi contratar o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro para elaborar um parecer jurídico na disputa com a Vale. Moro foi contratado pelo escritório Warde Advogados, que representa Steinmetz no Brasil. E o parecer feito por pelo ex-juiz aponta que executivos da Vale teriam prestado informações falsas e ocultado do mercado e de seus acionistas, de forma fraudulenta, as reais condições do negócio celebrado com Beny Steinmetz para a exploração de Simandou.

Imbróglio

Em 2010, a Vale firmou uma parceria com a empresa de Steinmetz para exploração de minério de ferro de Simandou, na região sudeste da Guiné. A mineradora já tinha desembolsado US$ 500 milhões ao sócio israelense, que juntos formaram uma joint venture.

No entanto, a concessão da qual Steinmetz teve direito tinha termos considerados nebulosos pelo novo governo, que assumiu o país em dezembro de 2010. O governo considerava que os US$ 160 milhões pagos pela mina eram insuficientes e desconfiava que o negócio contou com suborno.

Diante do novo cenário e depois de diversas propostas recusadas, a Vale se retirou do negócio. A essa altura, a companhia já tinha desembolsado cerca de US$ 750 milhões na operação. A mineradora recorreu então ao tribunal arbitral para reaver os valores e conseguiu decisão favorável. No entanto, Steinmetz segue buscando meios para recorrer da condenação.


As informações são da revista Piauí.

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