A alta nos preços do minério e a infraestrutura necessária para escoamento da produção animam a Santa Fé Mineração a acelerar os investimentos previstos em US$ 100 milhões para a construção de uma operação de minério de ferro no sul da Bahia. De acordo com a empresa, a previsão é de que o projeto, que terá capacidade de 3 milhões de toneladas anuais, inicie a produção no primeiro trimestre de 2024.
A companhia foi criada em 2010 pelo executivo Frederico Robalinho como um braço de mineração da Brazil Energy, empresa controlada pela família de Robalinho que atua no setor de geração de energia. O executivo decidiu então separar o setor de mineração em uma empresa, nascendo assim a Santa Fé. Robalinho explica que, desde então, passou a se dedicar integralmente à mineradora, enquanto os filhos já administravam a Brazil Energy.
"Eu recebo dividendos da Brazil Energy e resolvi investir", diz Robalinho, acrescentando que, até o momento, os gastos da Santa Fé foram feitos com recursos próprios.
Daqui para a frente, no entanto, ele admite que terá que buscar novas formas de financiamento e examina quais serão os melhores caminhos. "Ainda não temos decisão. Pode ser um investidor estratégico, talvez abrir o capital. Temos caminho bastante interessante pela frente. Estamos examinando as melhores alternativas", diz.
O plano da Santa Fé é iniciar com uma produção pequena até atingir 1,5 milhão de toneladas na operação localizada entre as cidades de Brumado e Lagoa Real.
Para escoar esse volume, a empresa conta com um memorando de entendimentos com a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que passa em Brumado a cerca de 40 quilômetros das áreas de onde o minério será extraído. A empresa analisa se fará o transporte por caminhões até a ferrovia ou se investirá em esteiras carregadoras até um terminal na FCA. A ferrovia levará a produção da Santa Fé até o porto de Aratu, em Salvador.
A empresa espera atingir a capacidade total da unidade, de três milhões de toneladas apenas entre dois e dois anos e meio depois do início das atividades. Até lá, a expectativa de Robalinho é que esteja em operação a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), que passará, nas palavras do executivo, "quase que por cima" das áreas da Santa Fé e desembocará no futuro Porto de Ilhéus. Tanto o porto quanto a ferrovia tiveram a concessão arrematada pela Bahia Mineração (Bamim) e deverão estar prontos até 2025.
Robalinho evita entrar em detalhes sobre as discussões ambientais envolvendo o projeto da Bamin - que engloba minas de minério de ferro no município de Caetité, a cerca de 40 quilômetros de Lagoa Real. Ambientalistas têm criticado o traçado da Fiol, que atravessará um santuário ecológico no sul da Bahia, e há ressalvas às obras do porto, pelo risco de afetar áreas de mangue na região.
Robalinho afirma que já tem o EIA-Rima e a Licença Prévia concedidos para as quatro áreas já aprovadas pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e somam recursos de 393 milhões de toneladas de minério. No total, a Santa Fé tem o direito de 14 áreas, com cerca de 1 bilhão de toneladas de recursos.
Em favor da companhia está o tipo de processamento que será implantado e não terá a necessidade de construção de barragens e os rejeitos, com baixa umidade, serão depositados diretamente nas cavas. Robalinho explica ainda que instalará uma usina de energia solar para uso tanto de parte da empresa, quando para fornecimento paras as comunidades locais.
A expectativa do executivo é de produção de um "pellet feed" com 64% a 65% de teor de ferro e um custo na casa dos US$ 27 por tonelada. Segundo Robalinho, os cálculos para se chegar a esse valor foram "bastante conservadores" e ele não teme que um eventual recuo do preço do minério - que ontem bateu o recorde de US$ 230,56 por tonelada - afete o negócio.
"Por isso que a mineração tem uma taxa interna de retorno altíssima. Em quatro anos no máximo [o projeto] se paga. Temos viabilidade econômica", afirma.
No futuro, Robalinho considera elevar a capacidade de produção para até 10 milhões de toneladas, com um investimento total de US$ 400 milhões. "Esse seria um patamar muito bom para uma empresa de capital nacional", diz.
As informações são do Valor Econômico.
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