A Samarco acusou seus credores de uma "tentativa malsucedida" de interromper sua reestruturação que, segundo a mineradora, salvará milhares de empregos. No processo de recuperação judicial, a empresa afirmou que os argumentos apresentados por fundos na ação são “mais uma tentativa infeliz de alguns credores financeiros de interromper o processo de recuperação judicial e confundir a opinião pública”.
A empresa insistiu que estava pronta para negociar "apesar das inúmeras disputas e acusações" dos credores financeiros. "O plano apresentado foi elaborado de acordo com a atual capacidade financeira da empresa" e teve como objetivo preservar mais de 6.000 empregos diretos e indiretos, bem como as contribuições fiscais, acrescentou.
As críticas à Samarco, joint venture entre a Vale e a BHP, vêm depois que advogados de um grupo de credores, incluindo a gestora de ativos Ashmore, com sede em Londres, e o grupo norte-americano Canyon Partners, chamaram a reestruturação proposta no plano de recuperação judicial de "absurdo".
Como parte do plano, a Samarco deu aos detentores de títulos e outros credores a opção de receber apenas 15% do valor de face das notas em 2041 ou, alternativamente, trocar a dívida por uma participação no negócio.
A batalha entre a Samarco e seus credores ocorre mais de cinco anos após o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, no complexo mineiro de Germano, em Mariana (MG), que matou 19 pessoas e poluiu a Bacia do Rio Doce com uma torrente de resíduos de mineração.
Lutando com cerca de US$ 10 bilhões em empréstimos, a Samarco no início deste ano entrou com uma recuperação judicial.
O grupo de credores, que inclui o especialista em dívidas Solus Alternative Asset Management, disse que o plano tinha como objetivo proteger a BHP e a Vale das responsabilidades decorrentes do desastre de novembro de 2015. Os fundos respondem por cerca de R$ 26 bilhões da dívida da Samarco, enquanto as controladoras possuem créditos de R$ 23 bilhões.
Os advogados dos credores, que possuem principalmente títulos e também empréstimos para exportação, rejeitaram a proposta de corte de 85% em suas dívidas, que classificaram como "absurda", de acordo com um documento apresentado na semana passado à Justiça em Minas Gerais, onde tramita o processo de recuperação judicial.
Nos autos, também acusaram a Vale e a BHP de abusar de sua posição para extrair valor em detrimento dos credores, argumentando que os dois sócios da joint venture só deveriam receber ressarcimento da Samarco após a liquidação das dívidas dos demais.
A Vale e a BHP estarão sujeitas aos mesmos termos de remissão e reembolso.
A Samarco disse que entrar com um pedido de recuperação judicial foi necessário para evitar que os credores afetassem sua capacidade de operar e fazer pagamentos à Fundação Renova, criada para supervisionar as reparações pelo desastre em um acordo com o Ministério Público.
A Samarco só retomou a produção em dezembro, com cerca de um terço da capacidade anterior ao rompimento da barragem. No entanto, o grupo vende seu minério de ferro em um mercado em expansão. Os preços do ingrediente de aço atingiram uma alta histórica este ano, ajudando os títulos inadimplentes da Samarco a recuperar grande parte de seu valor.
Ivan Apsan, vice-presidente de assuntos jurídicos e corporativos da BHP Brasil, chamou os termos da Samarco de "justos e razoáveis".
"(Eles) apresentam a melhor solução que permite à Samarco. . . continuar operando, contribuindo para a economia mineira e capixaba e financiando a Fundação Renova ", afirmou.
A Vale expressou apoio ao plano de reestruturação, que ela descreveu como "construído em torno da capacidade da empresa".
Ashmore e Canyon Partners não quiseram comentar. Solus não respondeu a um pedido de comentário. As informações são do Financial Times.
Fonte: Notícias de Mineração do Brasil
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