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Projeto da Bamin vai movimentar 800 mil toneladas de minério de ferro por ano em Caetité BA


Uma operação em pequena escala da Bamin na mina Pedra de Ferro, em Caetité (BA), deverá movimentar 800 mil toneladas de minério de ferro por ano e gerar 300 empregos diretos. Segundo a companhia, o primeiro embarque internacional da operação deverá acontecer pelo terminal portuário da Enseada, em Maragogipe, em novembro deste ano.

O minério será transportado da mina em Caetité para o terminal de transbordo da Bamin, em Licínio de Almeida. De lá, segue pela linha férrea da FCA e de caminhões até o terminal portuário na Baía de Todos os Santos. Esta operação deve ser mantida pela empresa por, pelo menos, um ano, podendo se prolongar por até seis anos, a depender das condições de mercado.

Mesmo numa magnitude bem menor que as 18 milhões de toneladas de minério de ferro que serão movimentadas anualmente quando a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul estiverem concluídos, as 800 mil toneladas que serão escoadas pela Bamin a partir do próximo mês representam muito para a empresa.

"Estamos falando de uma produção em pequena escala, mas que sinaliza algo importante demais para nós", destaca Alexandre Aigner. Com a operação, além da geração de receita para manter o grande projeto da empresa, a Bamin terá a possibilidade de mostrar o seu minério para o mercado.

"Essa operação em pequena escala é estratégica para a companhia na viabilização do nosso grande projeto mais adiante", explica. A operação envolve a produção na mina, em Caetité, recuperação do terminal da empresa em Licínio de Almeida, o transporte pela estrada férrea e um pequeno trecho por caminhões até o terminal da Enseada. "Nós estamos em entendimentos para viabilização das instalações portuárias da Enseada, o que será um benefício adicional para a Bahia, porque vai movimentar aquela estrutura", destaca.

Procurada pela reportagem, a Enseada informou apenas que tem uma política de só falar sobre projetos cujos contratos já estejam assinados.


"Vai gerar um volume de negócios grande para a Bahia e é estratégico para a companhia porque vai nos ajudar a demonstrar a viabilidade do negócio e a atratividade que o nosso projeto maior e mais completo terá", destaca Alexandre Aigner.

As 800 mil toneladas por ano serão disponibilizadas tanto para o mercado interno, quanto para o mercado externo. No setor mineral, a avaliação é de que o preço atual de minério de ferro (em torno de US$ 100) suportaria essa operação, mas uma eventual queda tornaria o negócio pouco atraente.

Em Caetité, a empresa fez diversos testes de produção na mina, que gerou uma produção de 35 mil toneladas, que serão entregues agora em agosto. "Já estamos fazendo contratos finais com os fornecedores, recebendo equipamentos para a mina e de logística para o escoamento e devemos iniciar a operação para o mercado externo em novembro, com o primeiro embarque internacional", projeta Aigner. "Estamos prevendo R$ 46 milhões nesta operação consolidada. Dentro deste valor, estão previstos os impostos federais e estaduais que são retidos, e a Cfem, royalties pagos ao governo federal que depois é distribuído para os municípios que fazem parte da operação. E estão incluídos o ISS dos prestadores de serviços", diz.

Segundo o diretor da Bamin, deverão ser feitos alguns investimentos adicionais para esta operação, uma parte deles na contratação de prestação de serviços, na recuperação do terminal de transbordo e a estrada que liga a mina ao terminal em Licínio de Almeida. "São 42 quilômetros e vamos reforçar a estrada e melhorar a sinalização", conta.

Ao todo devem ser gastos R$ 40 milhões para a operação. "É uma operação de pequena escala temporária porque continuamos totalmente comprometidos com o projeto de movimentar os 18 milhões de toneladas por ano pela Fiol e o Porto Sul. Temos muitos compromissos neste sentido, inclusive com o estado da Bahia, com o governo federal e essa é a nossa meta", explica o diretor da empresa.

Segundo ele, o início da produção agora visa aproveitar o bom momento nos preços do minério de ferro além de demonstrar novamente ao mercado a qualidade do produto extraído no Sudoeste da Bahia.

"A valorização do minério nos ajuda a fazer esse investimento e a gente pretende operar entre um e cinco anos. O que vai nos ajudar a determinar esse prazo é evidentemente o preço do minério e os outros custos que a gente vai ter. É uma logística cara, porque tem vários transbordos, uso de caminhão, deixa a operação muito onerosa", disse

O ferro que está sendo produzido pela Bamin é o minério de hematita, que tem alto teor mineral e baixos contaminantes. É um produto muito procurado porque possui um teor de ferro alto. O único esforço será para reduzir o tamanho do produto ao recomendado para a movimentação.

O diretor da Bamin disse ainda que o itabirito (material de menor valor e que requer mais tratamento) que for retirado neste momento será reservado para o uso apenas no futuro.

Porto Sul

A Bamin relatou que também já assinou, o último dia 15, a ordem de serviço para o início das obras do Porto Sul, em Ilhéus, devendo empregar 400 pessoas diretamente e outras 1,2 mil indiretamente. Essa etapa deve ter uma duração de 21 meses e receberá investimentos de R$ 188 milhões, na construção de uma ponte sobre o Rio Almada, além de acessos. Segundo a empresa, no futuro esses acessos serão compartilhados com a população local. Além das vias de acesso, o valor compreende ainda ações relacionadas ao cuidado com o meio ambiente e com as comunidades próximas.

O governo, parceiro da Bamin no empreendimento, segue trabalhando em processos relacionados ao licenciamento. "Este empreendimento entre o Governo do Estado e a Bahia Mineração vai possibilitar a saída dos nossos produtos (minério de ferro, grãos do oeste) e também será uma garantia para que a licitação da concessão da Ferrovia Oeste-Leste (Fiol) possa ser realizada pelo Governo Federal", ressalta o secretário de Infraestrutura, Marcus Cavalcanti.

Nos dois casos, tanto na operação de pequena escala quanto no Porto Sul, a companhia dá pequenas amostras do grande impacto que a produção de minério de ferro em Caetité terá para a economia baiana. O que será produzido agora representa menos de 4,5% da produção de 18 milhões de toneladas/ano previstas quando o complexo logístico formado pela Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e Porto Sul estiverem concluídos e operando. Do mesmo modo, os R$ 188 milhões anunciados na etapa inicial de obras do terminal representam menos de 7% dos R$ 2,5 bilhões estimados para a implantação do que será o maior complexo portuário do Nordeste.

Além do impacto econômico que os empregos irão gerar em cidades do sudoeste e do sul da Bahia, a empresa estima uma geração de receitas para a União, Estado e municípios acima dos R$ 70 milhões por ano com as duas operações. Os investimentos somados devem ultrapassar os R$ 220 milhões, sendo que o maior volume deve ser alocado na implantação do Porto Sul.

Fiol

A chinesa CCCC, apontada como uma das empresas interessadas na concessão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), deve ganhar uma concorrente de peso no projeto. Outra gigante internacional do setor de infraestrutura ferroviária, a russa RZD, está analisando o projeto e estuda participar da licitação pelo controle da Fiol.

Procurada pela reportagem, a RZD respondeu em nota que não faria suposições a respeito da Fiol, porém demonstrou ter bastante conhecimento sobre a estrutura logística. "A Fiol é um projeto importante, que contribuirá bastante para a logística do estado da Bahia, na movimentação de vários tipos de mercadorias", respondeu a empresa.

A RZD é uma das principais empresas ferroviárias mundiais, que opera cerca de 85 mil quilômetros de trilhos.

O processo de licitação do primeiro trecho da Fiol está adiantado. Há interesse do governo federal na concessão da estrutura, que depende apenas de um parecer favorável do Tribunal de Contas da União (TCU). As informações são do jornal Correio.

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