Instituições estão operando equipamentos de mineração no fundo do mar para explorar jazidas de metais essenciais para fabricação das baterias de veículos elétricos. Empresas como a The Metals Company e a Nautilus Minerals, estão enviando maquinário pesado até a região Clarion-Clipperton, no Oceano Pacífico, para extração de nódulos de níquel, cobre, basalto, manganês e outros minérios.
A permissão é concedida pela International Seabed Authority (Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, ou ISA), e autoriza 17 empresas a minerarem áreas de 75 mil km² não região por 15 anos. Hoje, a Nautilus Minerals já efetua a extração dos nódulos, enquanto a Metals Company aguarda aprovação de licença ao parlamento britânico em junho deste ano.
Para especialistas, a exploração dos nodos na região de Clarion-Clipperton é motivo de preocupação. Os nodos, pouco maiores do que uma bola de beisebol, estão concentrados numa região com 4,6 mil km de extensão, cujo bioma ainda é pouco mapeado.
Região de exploração está localizada entre Havaí e México e pode impactar bioma local. (Imagem: USGS/Wikimedia Commons/CC)
“Temos uma tecnologia disponível que nos permite explorar mais do oceano nos próximos dez anos do que nós já conseguíamos nos últimos 10,000”, avisa Oliver Steeds, o criador da fundação de pesquisa em mar profundo Nekton. Em entrevista ao The Guardian, o pesquisador está preocupado com os rumos que isso pode tomar.
Localizada entre as ilhas do Havaí e o México, a presença de minérios na região já era conhecida desde 1876. Os nodos permaneceram intocados até o século passado, já que estavam localizados a 4 mil metros abaixo do solo — o que até então era custoso para explorar.
“A tecnologia de mineração representa uma oportunidade extraordinária para o progresso, mas também representa uma ameaça, seja por mineração em mar profundo ou por maior industrialização e sobrepesca”, conclui o especialista.
Mineração no mar também preocupa montadoras
A mineração do mar profundo recebeu maior ênfase com o boom dos veículos elétricos, já que jazidas no solo foram largamente mapeadas e exploradas ao longo da história. No entanto, o precedente aberto por uma exploração desenfreada preocupa também montadoras.
Em março deste ano, as montadoras Volvo e BMW se juntaram à Samsung e ao Google na petição do WWF contra a mineração marítima, pedindo o banimento do método de extração. As empresas se comprometeram não utilizar nenhum dos metais extraídos destas jazidas.
A representante de suprimentos da BMW, Claudia Becker, teme que esta exploração tenha consequências irreversíveis. “Chegamos à conclusão de que está faltando uma compreensão dos impactos da biodiversidade na mineração em mar profundo,” afirma à BBC. “Queremos mandar um sinal claro à indústria para que, até estes problemas serem resolvidos, minerais do fundo do mar não são uma opção para nós.”
Em resposta, a The Metals Company (ex-DeepGreen) publicou uma carta aberta às montadoras, criticando a decisão. “Onde exatamente a BMW vai conseguir os metais para baterias que precisa para concluir a eletrificação de seus produtos, e com quais impactos ao nosso clima? Os clientes da Volvo realmente vão preferir metais de florestas tropicais nos seus EVs quando eles perceberem os impactos nos ecossistemas de água potável, nos povos indígenas, na megafauna carismática e nas florestas armazenadoras de carbono?”
Para os ativistas do GreenPeace, a resposta não passa de demagogia. “A DeepGreen está oferecendo uma decisão falsa ou distópica entre as florestas e o mar profundo”, assina o co-fundador da Coalizão de Conservação do Mar Profundo, Matthew Gianni.
“Não precisamos escolher um ou outro. Nós, como sociedade, podemos e devemos usar materiais e metais substitutos na construção de baterias para carros elétricos e outras tecnologias de armazenamento de energia,” afirma.
Imagem de capa: Divulgação/TheMetalsCompany
Fonte:olhardigital.com.br
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