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Novas jazidas têm projetos no Norte e no Nordeste

Preço estimula produção e atrai investimentos de US$ 1,5 bi para os próximos quatro anos


Projeto Cuiabá, da AngloGold Ashanti, em Minas Gerais; investimentos de R$ 1,1 bilhão nas operações no Brasil — Foto: Divulgação




O preço do ouro, a ampliação da produção e as descobertas de depósitos do mineral em Estados como Rio Grande do Norte, Pernambuco, Tocantins e Amapá atraem investimentos que devem somar mais de U$ 1,5 bilhão (R$ 8,27 bilhões) entre 2024 e 2028. Uma apuração anterior apontava recursos de US$ 2,8 bilhões (R$ 15,43 bilhões) a serem aplicados entre 2023 e 2027 no país.


O recuo se deve, de acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), ao montante que já foi gasto até agora para a conclusão de projetos em andamento e para a expansão das capacidades produtivas de minas já em operação. “Esperamos que novos projetos se iniciem em breve, mantendo o Brasil como um dos principais produtores mundiais”, diz Aline Nunes, gerente de assuntos minerários do Ibram. “Temos esperança nos avanços para atração de novos investimentos, conforme as nossas análises técnicas de mercado [apontam]”, acrescenta.


Segundo a executiva, a busca por investimentos em projetos de exploração e produção do mineral no país sempre foi uma das preferências dos investidores. É o caso da Aura Minerals, que tem três projetos greenfield (iniciam do zero) em andamento que vão absorver R$ 2 bilhões. O montante deve permitir a ampliação da produção da empresa das atuais 270 mil onças/ano para 450 mil onças/ano já em 2025 (1 onça equivale a 28,3 gramas). Um desses projetos, o Almas, no Tocantins, já está em operação, com produção de aproximadamente 50 mil onças/ano.


Outro projeto é a mina Borborema (RN), que está em construção e vai receber US$ 188 milhões em investimentos. “A expectativa é que Borborema entre em operação já no primeiro trimestre de 2025, com uma produção estimada entre 80 mil e 85 mil onças/ano quando estiver com capacidade plena de funcionamento”, diz Rodrigo Barbosa, CEO da Aura Minerals.


No Mato Grosso, onde também já tem a mina Apoena em operação, a companhia deve iniciar a construção da mina Matupá em 2025. O montante de investimento ainda está em aberto porque os estudos geológicos estão sendo revistos. Segundo Barbosa, as pesquisas realizadas nesse local já permitem dar o pontapé inicial. Ele informa ainda que uma das metas da companhia é chegar a produzir, em algum momento, entre 700 mil e 1 milhão de onças/ano, se for possível provar a existência de novos depósitos.


Barbosa lembra que, até a comprovação das reservas, são necessários pelo menos de seis a oito anos de pesquisas, e pelo menos mais quatro até o início da produção, já que há a necessidade de licenciamento ambiental, implantação e construção. “A prospecção de ouro é extremamente intensiva em pesquisa. Exige muito investimento. A Aura, por exemplo, investe R$ 100 milhões por ano exclusivamente em pesquisa”, diz o executivo.


Outro player que aposta na produção de ouro, cujo preço costuma ser impactado por uma complexa interação de fatores como oferta e demanda, taxa de câmbio, rentabilidade e até sentimento do mercado, é a AngloGold Ashanti. A empresa informa que os investimentos nas suas operações na América Latina este ano somam R$ 1,5 bilhão, sendo R$ 1,1 bilhão somente nas operações no Brasil.


“O investimento será utilizado para garantir o ritmo de crescimento de nossas operações com avanços tecnológicos, segurança e sustentabilidade”, diz o presidente Marcelo Pereira. Segundo ele, os recursos no Brasil serão aplicados nas operações Cuiabá (MG), onde a produção no primeiro semestre chegou a 129 mil onças, e Serra Grande (GO), que produziram 42 mil onças no mesmo período.


A produção nessas duas operações somou 171 mil onças nos seis primeiros meses do ano, 15,5% a mais do que no mesmo período de 2023, quando foram registradas 148 mil onças. Segundo Pereira, a maior parte dos recursos será destinada a ações de eletrificação de frota, novas frentes de desenvolvimento de lavra, aplicação em estruturas geotécnicas (gestão de barragens e pilhas de rejeitos), em processos de descaracterização (procedimento técnico que consiste em eliminar a função de armazenamento de água ou rejeito de uma barragem e reintegrá-la de forma segura ao meio ambiente) e em pesquisa e aumento da produção.


"No Brasil, o foco da companhia está no desenvolvimento de oportunidades de expansão dentro dos atuais ativos da companhia”, explica o executivo da AngloGold Ashanti. Pereira informa ainda que a companhia fechou o primeiro semestre de 2024 com aumento de 10% na produção de suas operações na América Latina, na comparação com o mesmo período do ano passado.


“Em números absolutos, a produção no Brasil e na Argentina saltou de 234 mil onças, nos primeiros seis meses de 2023, para 257 mil onças no mesmo período deste ano”, diz o executivo. Segundo ele, o resultado da América Latina no primeiro semestre impulsionou a produção global do grupo AngloGold, que chegou a 1,254 milhão de onças no primeiro semestre deste ano, ante 1,232 milhão de onças nos primeiros seis meses de 2023, um aumento de 2%.


Em termos de receita, o ouro ocupa o segundo lugar na produção mineral brasileira, atrás apenas do minério de ferro, que teve faturamento de R$ 148 bilhões em 2023. A receita da produção de ouro no mesmo período somou R$ 21,1 bilhões, abaixo dos R$ 23,9 bilhões de 2022 (queda de 11,9%). Em volume, chegou a 66,66 toneladas, segundo dados da Agência Nacional de Mineração. Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia, Pará, Maranhão e Goiás foram os principais destaques.



Fonte: Valor Econômico

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