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Municípios baianos têm pesca prejudicada após 9 anos do rompimento de barragem em Mariana

Moradores reclamam da contaminação dos peixes e participam hoje de encontro do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)




Um encontro nesta terça-feira (12), em Mariana (MG), reunirá moradores de diversos municípios baianos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão há exatos 9 anos. Desde então, cidades como Nova Viçosa, Mucuri, Alcobaça e Caravelas, no extremo sul da Bahia, viram a atividade pesqueira diminuir em cerca de 50% devido aos danos causados pelos rejeitos da mineradora Samarco e suas controladoras Vale e BHP, na Bacia do Rio Doce.


O evento, organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), contará com atividades em Mariana e também na Bento Rodrigues de origem. Além de marcar os 9 anos do rompimento, quando morreram 19 pessoas, os atos também reafirmam a continuidade da luta por justiça e reparação integral a todas as vítimas.


Desde 2016, estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) comprovaram a presença de metais pesados como zinco, cobre, fósforo, arsênio e bário na biodiversidade do Parque Nacional de Abrolhos. Apesar do Rio Doce desaguar no litoral capixaba, um ciclone extratropical ocorrido quatro meses após o rompimento empurrou os rejeitos do crime para o extremo sul baiano.


Moradores e pescadores atingidos no sul da Bahia



Maria do Carmo de Jesus Coelho, pescadora há mais de 30 anos, relata a realidade dos trabalhadores. “Eu nunca vi acontecer o que eu estou vendo agora, ir para o mar para pescar e pegar os peixes doentes”, conta ela. “Não tem como vender o peixe e como fica a situação dos pais e mães de família? Porque a nossa sobrevivência vem do mar. Às vezes, o filho pede o pão de cada dia e não tem. Como que vai dar sem a pesca? Estamos exigindo nosso direito” completa Maria, moradora de Nova Viçosa.

A cadeia produtiva da pesca é uma das principais fontes de renda para a população local. Cerca de 18 mil trabalhadores dependem diretamente da pesca na região do extremo sul da Bahia, sendo seis mil mulheres que participam ativamente das atividades pesqueiras, seja na captura, processamento ou comercialização do pescado.


O litoral baiano não foi reconhecido em nenhum programa de reparação pelos danos socioambientais decorrentes do rompimento em Fundão. O território também não está contemplado no Acordo de Repactuação, assinado no último dia 25 de outubro entre governos, mineradoras e instituições de Justiça.


“Até agora ainda não foi reconhecido que a Bahia foi atingida. Os peixes, mariscos, ostras, tartarugas tudo contaminado. Os turistas não vêm mais. Está uma escassez no verão, tá muito difícil a sobrevivência aqui”, desabafa a também pescadora Rosália Santos.


Alguns municípios do Espírito Santo também foram excluídos do Acordo de Repactuação, e eles estiverem presentes no encontro desta terça-feira em Mariana.



Fonte: Correio 24 h




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