O fim da chamada Lei Kandir e a possibilidade do retorno da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) sobre as exportações de produtos primários e semielaborados pode resultar em uma perda de até US$ 7 bilhões para o setor mineral, considerando uma alíquota de 13%. A proposta de emenda constitucional (PEC-42) que prevê essa cobrança está para ser votada no plenário do Senado.
Produtores de bauxita e derivadas como alumina estão entre os mais afetados
Para o presidente do conselho do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Wilson Brumer, essa discussão sobre o fim da Lei Kandir tem que ser feita dentro de um pacto federativo e não de forma isolada.
"Essa questão tem que ser discutida dentro da reforma tributária, de um pacto federativo. Sabemos que os estados esperam receber essa receita, mas não pode ser dessa forma", disse Brumer.
O Ibram, inclusive, prepara um estudo - elaborado por uma consultoria internacional - para mostrar quanto o setor de mineração paga de tributos no país, que para muitos é somente a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM).
Este ano as empresas do setor devem pagar R$ 4,4 bilhões somente nesse tributo. Em 2017, esse valor foi de R$ 1,8 bilhão.
Dentro do setor de mineração, um segmento que pode ser mais afetado é o de bauxita e seus derivados.
O presidente da Associação Brasileira do Alumínio (Abal) Milton Rego, disse que, somente com essa cobrança do ICMS sobre as exportações, o custo nas operações de mineração da bauxita e na sua transformação em alumina seria em torno de US$ 440 milhões, o que inviabilizaria boa parte das atividades no Brasil.
"As empresas não conseguirão repassar esse aumento das despesas. É custo na veia. E não tenho a menor dúvida de que fábricas serão fechadas no Brasil. Assim como perdemos 60% da capacidade de produção de alumínio primário com a alta do custo de energia, o mesmo acontecerá com o beneficiamento da bauxita, muitas indústrias serão fechadas", declarou Rego.
Segundo ele, a alumina, principal produto da pauta de exportações da cadeia do alumínio, é uma commodity e o preço internacional desse produto é até sete vezes superior ao valor da bauxita.
O país exporta 6,2 mil de toneladas entre alumina e bauxita, sendo que 91% é de alumina. "Muitas empresas que atuam no país já estão revendo planos de investimentos futuros em suas operações", disse. As informações são do Valor Econômico.
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