Atividade de monitoramento realizada pela Vale – Créditos: Robson Zampaulo
Uma caverna, também conhecida como paleotoca, escavada por preguiças-gigantes, há pelo menos 10 mil anos, foi descoberta por pesquisadores em uma área da Vale, próxima ao Parque Nacional da Serra do Gandarela, região do quadrilátero ferrífero (MG). A caverna possui comprimento de 340m de extensão, sendo a maior paleotoca conhecida até o momento em Minas Gerais.
O local possui túneis, salões escavados e ranhuras indicando atividade e marcas compatíveis com os milodontídeos cavadores, ou preguiças-gigantes de dois dedos. Desde a sua descoberta, em 2010, a estrutura segue protegida e foi classificada pelos estudos da Vale como “cavidade de máxima relevância”, seja por atributos físicos ou biológicos, o que, conforme a legislação brasileira, já lhe atribui uma condição legal de proteção permanente (Decreto Federal 10.935 de 12 de junho de 2022).
“Muito embora as paleotocas venham sendo estudadas há relativamente poucas décadas no Brasil, a importância histórica, ecológica e ambiental é indiscutível. São ambientes extremamente importantes para a reconstrução da evolução da vida no planeta, mas que atualmente, assim como outras cavernas, também representam um abrigo para espécies raras e endêmicas e que, portanto, necessita de medidas de proteção. Além de ser umas das maiores cavernas do Quadrilátero Ferrífero, até o momento são conhecidas pelo menos uma dezena de espécies troglóbias (que só ocorrem em ambientes subterrâneos) para esta caverna, dentre as quais podemos encontrar insetos como aranhas, colêmbolos e opiliões”, destaca o pesquisador Rodrigo Lopes Ferreira, da Universidade Federal de Lavras.
Sobre a paleotoca descoberta no quadrilátero ferrífero
Nomeada de AP38, está inserida na formação ferrífera e representa atualmente uma das maiores cavernas associadas a este tipo de rocha na região, fornecendo abrigo, local de reprodução e alimento para espécies que vivem na superfície e em ambientes subterrâneos. A cavidade apresenta uma rede de túneis interligados, conectados a uma câmara maior. As grandes dimensões, marcas de garras nas paredes e tetos, morfologia e seções da caverna permitem atribuir parte de sua gênese às preguiças-gigantes de dois dedos, constituindo um importante registro da megafauna extinta de mamíferos na região.
“A paleotoca é um importante ecossistema do patrimônio espeleológico brasileiro e precisa ter sua integridade física e ambiental preservadas. Para isso, desde 2010, uma série de estudos e medidas preventivas foram realizadas pela Vale, sendo proposto o estabelecimento de uma área de proteção ambiental de aproximadamente 40 hectares no seu entorno, que engloba a paleotoca e toda sua área de influência, conforme determina a legislação vigente”, destaca o espeleólogo da Vale, Robson Zampaulo.
Atualmente, a Vale conta com uma equipe de 25 profissionais dedicados ao tema espeleologia em todo o território nacional. Os especialistas coordenam trabalhos de monitoramento espeleológico, pesquisas científicas e projetos técnicos visando o atendimento à legislação vigente e promovendo operações sustentáveis nas minas onde a Vale atua. Ao longo dos últimos 10 anos, a Vale promoveu a criação de 12 áreas de proteção ambiental com foco em preservação de cavernas, com destaque ao Parque Nacional Campo Ferruginosos, no Pará. O local detém cerca de 377 cavernas com os estudos de relevância realizados e compõe o maior parque espeleológico em cavernas ferríferas do mundo.
Sobre as preguiças-gigantes
As preguiças-gigantes ou preguiças terrestres eram um grupo de mamíferos pré-históricos que habitavam as Américas há milhares de anos. Viviam em rebanhos e eram herbívoros, ou seja, se alimentavam de folhas, gramíneas, ramos e brotos, e consumiam em média 300 quilos de alimentos por dia. Suas garras eram essenciais na hora de apanhar o alimento no alto das árvores. O lábio superior e a língua tinham formato próprio para agarrar a vegetação.
As espécies que viveram na paleotoca mineira tinham aproximadamente seis metros de comprimento e peso aproximado de quatro toneladas. Segundo estudos, na época também viveram nas Américas Mastodontes, Tigre-dente-de-sabre e Tatus-Gigante.
*Informações: Assessoria de Imprensa da Vale
Fonte: Portal da Mineração
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