A mina começa a operar no final de 2023, mas ainda com baixa produção. Aumenta o ritmo em 2024 e estará a plena carga em 2026. A vida útil da jazida é estimada em 30 anos.
O novo projeto auxiliará o abastecimento do país em duas frentes: reduzirá a importação de fertilizantes e elevará a produção nacional de urânio, tornando o país exportador do excesso neste último caso.
A Galvani, quando o projeto estiver terminado, colocará 500 mil toneladas de fertilizantes fosfatados por ano no mercado. O Brasil importa 72% do que consome. A empresa elevará também a oferta nacional de fosfato bicálcico em 250 mil toneladas. O consumo anual do produto para suplementação animal é de 1,2 milhão de toneladas.
No caso do urânio, o salto na oferta será gigantesco, segundo o presidente da INB, Carlos Freire Moreira, empresa que tem o monopólio da produção de urânio no país. Serão 1.600 toneladas por ano de concentrado de urânio (yellowcake), extraído do ácido fosfórico. A produção de Santa Quitéria terá capacidade para cobrir as necessidades das usinas Angra 1, 2 e 3, e fornecerá combustível para o abastecimento de, pelo menos, outras três usinas do porte das atuais.
O Brasil será reconhecido como um potencial fornecedor de urânio enriquecido, um produto com muito mais valor adicionado, diz Freire. "Uma coisa é ter urânio. Outra é saber processar, e o Brasil está no grupo dos poucos países que já dominam essa tecnologia", afirma.
Segundo Freire, "fala-se muito dos malefícios da energia nuclear, mas pouco dos benefícios". "É uma energia limpa e pode ser levada para perto dos grandes centros de demanda. Além disso, ganha espaço na medicina e na agricultura".
Sobre o acidente ocorrido em Goiânia (GO), em 1987, ele o classifica como um ponto fora da curva. Naquele ano, o caso conhecido como o do césio-137 provocou a morte de quatro pessoas e a contaminação de várias dezenas por radioatividade.
O contrato, ainda com possíveis acertos, dá à Galvani o direito de extração dos minerais. Ela fica com o fosfato e repassa o urânio para a INB. A empresa do setor de fertilizantes assume a operação de extração. "É um projeto com viabilidades interessantes. Vamos produzir fertilizantes fosfatados de alto teor para uma região que cresce muito", afirma o diretor-presidente da Galvani, Ricardo Neves de Oliveira.
Um dos sérios problemas da região é a falta de água, mas o processo a ser utilizado na extração do fosfato e do urânio vai reduzir em 30% o consumo, segundo Oliveira. Entre 80% e 85% da energia elétrica será gerada na própria unidade.
A Galvani vai utilizar o fosfato para dois segmentos: o de fertilizantes fosfatados e o de fosfato bicálcico. Este último, destinado à nutrição animal, um setor novo para a empresa.
O executivo aposta no sucesso da operação devido à forte demanda por fertilizantes e por suplementação alimentar nas áreas do chamado Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
O empreendimento movimentará 2.500 trabalhadores, 500 deles com contratação própria. Freire diz que o objetivo é requisitar o máximo possível de trabalhadores da região. Para o prefeito de Santa Quitéria, Tomas Antônio Albuquerque de Paula Pessoa (PMDB), as contratações e a formação de profissionais não serão problemas. Santa Quitéria tem várias escolas premiadas pela liderança na qualidade do ensino no estado.
O projeto da INB e da Galvani dará vida a toda a região, segundo Pessoa. O município faz divisa com 14 outros e tem 45 mil habitantes. Está a 230 km do porto de Pecém.
Na avaliação do prefeito, a logística favorável e a proximidade da mina de algumas das principais regiões produtoras de grãos e pecuária vão baratear os custos para os produtores. Agricultores de São Raimundo Nonato (PI) e Balsas (MA) serão dois dos polos que serão bastante beneficiados, diz ele.
Pessoa já prevê o caixa da cidade um pouco mais gordo, podendo ser acrescentados R$ 20 milhões aos atuais R$ 90 milhões do orçamento. As informações são da Folhapress.
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