Angela Alves Vasconcelos, vice-presidente de Administração e Finanças, e Juliana Caldas de Andrade, coordenadora de Recursos Humanos, explicam as ações da empresa nesse sentido
Em 08 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher e a Conexão Mineral ouviu algumas das principais mineradoras para a Edição Especial As Mulheres na Mineração Brasileira. Para conhecer como a Equinox Gold trata o tema da inclusão das mulheres e a diversidade em geral nas suas operações, conversamos com Angela Alves Vasconcelos, vice-presidente de Administração e Finanças, e Juliana Caldas de Andrade, coordenadora de Recursos Humanos.
Principal produtora de ouro das Américas, a Equinox Gold é uma empresa canadense de mineração, com sete minas em operação, em quatro países: Brasil, Canadá, Estados Unidos e México, além de outros projetos em desenvolvimento. A empresa tem sua atuação apoiada em uma estratégia de crescimento e diversificação, com a meta de produzir um milhão de onças de ouro por ano. Em 2022, a companhia totalizou uma produção de 532,3 mil onças de ouro, conforme dados preliminares divulgados em janeiro.
Conexão Mineral – Lílian Moreira – A Equinox Gold possui algum programa interno para aumentar a diversidade na empresa?
Equinox Gold - Angela Vasconcelos - O tema de Diversidade e Inclusão faz parte da estratégia global da Equinox Gold e está fortemente presente em nossas práticas de ESG. Em novembro de 2022, lançamos, formalmente, o Programa de Diversidade & Inclusão (SOU EQX) na Equinox Gold Brasil, para todos os funcionários, mas podemos dizer que nosso olhar para a diversidade começou antes mesmo desse lançamento. Em março do ano passado, aproveitamos a oportunidade do Dia Internacional da Mulher para iniciar um movimento importante sobre a temática, principalmente sob o viés de equidade de gênero. Essa iniciativa foi a “virada de chave" para reforçar a importância da representatividade feminina dentro da empresa e começar a desconstruir barreiras internas, muitas delas vindas de um histórico-cultural enraizado.
Em junho de 2022, contratamos uma consultoria conceituada no mercado para nos ajudar na construção e institucionalização do nosso programa de D&I, na definição dos propósitos, metas e planos de ação. Criamos o Comitê de Diversidade para elevar as discussões e preparamos a alta liderança. Afinal, pouca coisa acontece efetivamente se não formos exemplo. Neste ano de 2023, colocaremos o plano de ação em prática, pautado em três pilares: Reputação; Políticas e Procedimentos; e Educação, Treinamento e Desenvolvimento. Já definimos e realizamos também algumas ações de “ganhos rápidos” (quick wins), como, por exemplo: implementação da Empresa Cidadã, que estende para seis meses a Licença-Maternidade; Programa de Estágio e Aprendiz com foco principal nas Mulheres; Auxílio-Creche nos sites Equinox Gold; formação operacional visando à capacitação da mão de obra local feminina; dentre outros.
CM - Quantas mulheres ocupam cargos de chefia e quanto isso representa em relação ao total? Existe alguma meta?
Angela Vasconcelos - Atualmente, somos 210 mulheres na Equinox Gold, o que representa 13% do total de funcionários próprios da empresa. Dessas 210, 22 estão em cargos de liderança, número equivalente a pouco mais de 10% do nosso nível de gestão. Fizemos, recentemente, um trabalho de levantamento de dados e indicadores que nos permitiu ter uma análise mais precisa de tendências dentro e fora da empresa. Temos a ambição de aumentar esse percentual de mulheres – total e cargos de liderança – para 25% até 2027. A Equinox Gold também ampliou, em âmbito global, a representação de mulheres no Conselho de Administração de 11% para 22%, em 2021, e segue trabalhando para avançar ainda mais nessa questão.
O plano de ação construído na Equinox Gold Brasil já foi pensado voltado para iniciativas que visam alavancar esse crescimento, por exemplo, atrelar a meta de gênero com as metas de participação de resultado; priorizar a participação das mulheres em nossos Programas de Estágio e Aprendiz como porta de entrada e futuro aproveitamento local; Desenvolvimento da mão de obra local, uma vez que estamos em áreas remotas e pouco desenvolvidas; ações de retenção e engajamento para liderança feminina, dentre outros. Importante ressaltar que já tivemos resultados efetivos desse “novo olhar”, uma vez que nossa unidade localizada no município de Santaluz (BA) – Mineração Santa Luz – iniciou sua operação em 2022 já com 20% de mulheres na força de trabalho. Isso foi possível, por meio de uma transformação cultural, mesmo que ainda com grandes oportunidades de evolução.
CM – E como está atualmente a representatividade feminina nas áreas operacionais?
Angela Vasconcelos - Atualmente, 5% da nossa força total de trabalho são mulheres atuando em áreas operacionais. Não temos uma meta específica para esse público, mas temos, sim, iniciativas já realizadas e previstas para fomentar o aumento da participação feminina nessas áreas. Recentemente, por exemplo, em nosso site de Fazenda Brasileiro (em Barrocas, na Bahia), disponibilizamos para a comunidade cursos de formação operacional (Fandril, Jumbo e mecânico de equipamentos móveis), no qual demos prioridade das vagas às mulheres. No entanto, não tivemos uma boa aderência de inscrições do público feminino, com o curso sendo preenchido com apenas sete mulheres do total de 60 vagas. Isso mostra nosso grande desafio histórico-cultural de mulheres na operação. Outra iniciativa realizada e mencionada na resposta anterior é a priorização das mulheres em nossos Programas de Estágio e Aprendiz. Nesta ação, em específico, tivemos sucesso nos sites em que lançamos o ciclo 2023, no qual cerca de 40% a 50% das contratações foram de mulheres.
CM – A Equinox Gold costuma promover alguma ação relacionada ao Dia Internacional da Mulher?
Juliana Andrade - Sim, sempre fizemos ações para o Dia Internacional da Mulher, mas, em 2022, passamos a tratar a data com um sentido diferente. Passou a ser um momento não só de engajamento, mas também de contextualização, reflexão e posicionamento da empresa sobre o tema. Aproveitamos a data para enaltecer as nossas funcionárias e conscientizar a todos para a construção de um ambiente inclusivo. Em 2023, o tema é “Empoderamento com Significado”, ressaltando as multifuncionalidades da mulher, bem como suas fragilidades.
CM - Tem alguma mulher que atualmente trabalhe na empresa e poderia ser considerada um exemplo do sucesso da política interna em prol do aumento da presença feminina?
Juliana Andrade - A Angela Vasconcelos, nossa VP de Administração e Finanças, é um exemplo de mulher forte e extremamente competente no que faz. Foi reconhecida como uma das "100 Mulheres Mais Inspiradoras da Mineração" pela Women in Mining UK em 2022, por liderar mudanças positivas e impactantes no que tange às ações de equidade de gênero na indústria de mineração. Na Equinox Gold, ela tem desempenhado um papel extremamente importante na busca de uma cultura mais diversa e inclusiva. É ativa na causa e destaca que a competência independe do gênero, mas que a empresa deve criar espaço, segurança, respeito e oportunidade para as mulheres brilharem. Seu posicionamento e sua contribuição, principalmente por ser alta liderança, vêm sendo fundamentais para encorajar nossas funcionárias e quebrar barreiras ultrapassadas.
CM - Qual é a maior dificuldade da área de Recursos Humanos para aumentar a presença feminina e estimular a diversidade, considerando todos os grupos envolvidos?
Juliana Andrade - Eu diria que temos dois grandes desafios hoje no RH. O primeiro deles é estarmos inseridos em um setor predominantemente e historicamente masculino, no qual a participação da mão de obra feminina, principalmente em cargos técnicos, de engenharia e geologia, é mais restrita. E o segundo aspecto é estarmos localizados em áreas remotas, considerando um contexto de que as mulheres, geralmente, têm um nível de mobilidade inferior ao dos homens, por, culturalmente, exercerem um papel secundário dentro de uma estrutura familiar.
CM – E a sua experiência pessoal, como uma mulher atuando na indústria da mineração?
Juliana Andrade - Posso dizer que, felizmente, na minha carreira, nunca passei por uma situação desfavorável por ser mulher. Sempre acreditei, assim como a Angela, que o preparo e a dedicação iriam me levar, naturalmente, ao caminho que estava buscando. Nas empresas onde trabalhei, tive respeito e valorização, considerando a minha competência em primeiro lugar. De qualquer forma, fico extremamente feliz com toda a evolução que temos tido na temática, pois sei que ainda há grande necessidade de mudança no cenário cultural. E, nós, mulheres, precisamos, inclusive, de nos apoiar, nos respeitar e nos admirar mais, posicionando-nos sem ter medo dos julgamentos e pré-conceitos.
Fonte: Conexão Mineral
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