A eleição para escolher o representante dos empregados no Conselho de Administração da Vale só deve ser concluída na Justiça. Duas chapas se consideram vencedoras e uma delas já admite levar o caso para uma discussão judicial.

O processo eleitoral foi realizado entre os dias 9 e 11 de fevereiro. Participaram onze chapas e houve mais de 13 mil votos dos funcionários da mineradora nos candidatos que disputavam o cargo. Uma vez conhecido o resultado, surgiram denúncias de irregularidades em uma das 78 urnas usadas. No dia 16 de fevereiro, um das chapas protocolou recurso perante a junta eleitoral, formada pela Vale e por membros dos funcionários, alegando que houve problemas no pleito. Passado um mês da eleição, o caso agora deve ser judicializado.
Wagner Xavier, um dos candidatos dos empregados ao conselho da Vale, disse na terça-feira (9) que a chapa que ele lidera (chapa 3) vai ajuizar ação na justiça pedindo que o seu grupo seja declarado o vencedor da eleição. Xavier é ligado ao Sindfer do Espírito Santo e Minas Gerais, que representa empregados da Vale na ferrovia, nas pelotizadoras e no porto de Tubarão, em Vitória (ES).
Em 12 fevereiro, porém, a chapa 8 já tinha se declarado ganhadora do pleito, segundo publicação do Metabase de Mariana (MG), que representa os trabalhadores das minas da Vale na região. Essa chapa tem como principal liderança Lucio Azevedo, empregado da Vale no Maranhão, e que tenta o quarto mandato consecutivo como representante dos funcionários da mineradora no conselho da companhia.
A informação sobre irregularidades na eleição começaram a surgir no fim de semana seguinte à votação, quando circularam áudios em grupos de funcionários da Vale no whatsapp, relatando o problema na urna 42 da mina de Fábrica Nova, no Complexo de Mariana (MG).
Na eleição dos empregados da Vale, há urnas que são fixas, para receber os votos nos locais onde são instaladas, e outras que são itinerantes, que precisam circular para colher os votos dos empregados em uma determinada região. A característica da urna, se é fixa ou móvel, depende do local e do contingente de funcionários.
A urna de Fábrica Nova aparece, no mapa de urnas da Vale, como "fixa". Mas a urna foi movimentada nos dias da eleição com a anuência dos mesários, representantes da Vale, e por ação de fiscais ligados à Chapa 8, segundo alega a Chapa 3. A movimentação da urna teria beneficiado a Chapa 8.
A junta eleitoral, formada por oito integrantes (quatro da Vale e quatro dos empregados) decidiu, uma vez apurada a denúncia, desconsiderar os 337 votos da urna 42, e marcar nova eleição só nessa urna. O pleito está previsto para dias 16, 17 e 18 deste mês. A decisão não foi unânime, uma vez que teve voto contrário da Chapa 3. Esse grupo quer que os votos dessa urna sejam desconsiderados e que a chapa seja declarada vencedora. A contabilidade dos votos da urna 42 é determinante no resultado, seja para a Chapa 3, seja para Chapa 8.
Em vídeo que circula entre os empregados, a Chapa 3 alega que houve "fraude", e dar nova chance à Chapa 8 "atenta contra as condutas de compliance e governança corporativa defendidas pelo conselho de administração da Vale".
Em nota, a Vale defende a independência da junta eleitoral: "A eleição dos representantes de funcionários para o Conselho de Administração da Vale segue regulamento específico, aprovado por todos os sindicatos, segundo o qual temas relativos ao processo eleitoral devem ser decididos pela Junta Eleitoral, composta por empregados e representantes dos sindicatos. A Vale não tem nenhuma gestão sobre o processo eleitoral e não interfere em decisões da Junta Eleitoral, que é autônoma e soberana. A responsabilidade por fiscalizar a eleição cabe à Junta, aos sindicatos e aos próprios candidatos", disse a empresa.
Representantes das chapas 3 e 8 dizem, porém, que foi a Vale, por meio da gerência-executiva de relações trabalhistas, que coordenou a eleição. A Vale não explicou como foi possível circular a urna que era para ser fixa. As informações são do Valor Econômico.
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