O processo de recuperação judicial da Samarco colocou em oposição um grupo de credores formado por fundos de investimento estrangeiros e as sócias controladoras da mineradora – Vale e a australiana BHP. Esses fundos questionam um crédito de R$ 23 bilhões incluído no processo, devido à acionistas.
O grupo reúne fundos de investimentos internacionais das gestoras York, Ashmore, Canyon, Bank of America, Maple Rock e Solus, que representam cerca de R$ 24 bilhões da dívida da Samarco. A dívida total da companhia é de R$ 50,5 bilhões.
À Justiça, eles alegam que não há detalhamento sobre a origem e o vencimento desses créditos - que dizem acreditar tratar-se dos valores aportados pelas sócias na Fundação Renova, responsável pela reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG).
Vale e BHP não se manifestaram. Os administradores judiciais não responderam ao pedido de entrevista.
Em abril, a Samarco entrou na Justiça com pedido de recuperação judicial para suspender o pagamento de dívida. Na ação apresentada à Justiça em Belo Horizonte (MG), onde está sua sede, a companhia alegou que a execução imediata de títulos que somam US$ 3,02 bilhões poderá inviabilizar a empresa e o objetivo da recuperação judicial é manter a produção e preservar "sua função social de geração de emprego, renda e tributos".
Um dia depois a 2ª Vara Empresarial da comarca de Belo Horizonte (MG) acatou o pedido de recuperação judicial apresentado pela Samarco e suspendeu todas as ações de cobrança e execuções de decisões já emitidas para o pagamento de títulos pela mineradora.
Credores de títulos que giram em torno de US$ 2,7 bilhões devidos pela Samarco disseram que a empresa "falhou totalmente ao negociar" uma reestruturação da dívida antes de entrar com pedido de recuperação judicial e pediram que suas controladoras, Vale e BHP, desembolsem mais recursos para permitir o pagamento imediato dos papéis vencidos.
Em comunicado conjunto, as duas gigantes da mineração afirmaram que a medida é necessária para permitir que a Samarco continue operando e ocorreu após "tentativas infrutíferas de negociar uma reestruturação da dívida com esses credores".
As informações são do Valor Econômico.
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