Durante a cerimônia, Jefferson De Paula, Presidente do Conselho Diretor do Aço Brasil, Presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM, destacou dificuldades enfrentadas pela indústria do aço
A cerimônia de abertura do Congresso Aço Brasil 2023 nesta terça-feira (26/09), em São Paulo, contou com a presença de Jefferson De Paula, Presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM; Jorge Lima, Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo; Tatiana Lacerda Prazeres, Analista de Comércio Exterior; e Marco Polo de Mello Lopes, Presidente Executivo do Aço Brasil.
Jefferson iniciou a cerimônia destacando os marcos históricos do Instituto Aço Brasil, além de destacar a posição do Brasil como oitavo maior produtor de aço do mundo. “O aço, vital para o dia a dia das pessoas, de forma direta e indireta, em tudo que as cerca, é indispensável para uma melhora da qualidade de vida. Assim, o Instituto Aço Brasil, que em 2023 comemora 60 anos de história, trabalha de forma incansável, em diálogos com o Governo Federal e o Congresso Nacional, em prol do crescimento econômico e do desenvolvimento sustentável do Brasil”.
O Aço Brasil congrega e representa nove grandes grupos empresariais, que administram 127 mil colaboradores, e que, ano passado, geraram um saldo comercial positivo de seis bilhões de dólares. “Devido a crises econômicas internas e instabilidades geopolíticas externas, o setor do aço tem passado por períodos de comércio conturbado. Em 2023, espera-se um aumento de 40% das importações vindas da China, com as nossas vendas tendo uma queda de 6%, o que afeta o crescimento do setor do aço no Brasil”.
Jorge Lima, Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, participou da cerimônia representando o Governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e reforçou a responsabilidade do estado mais populoso do país: “Para os próximos quatro anos, a nossa expectativa é aportar mais de 400 bilhões de reais em transição energética, infraestrutura, empreendedorismo, turismo e qualificação de pessoas. A digitalização do Governo e a consequente desburocratização de processos também são metas estabelecidas”.
Já Tatiana Lacerda Prazeres, Analista de Comércio Exterior, esteve na cerimônia de abertura representando o Vice-Presidente da República e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e destacou a sensibilidade do Ministério e do Governo Federal em fiscalizar práticas ilegais e desleais de comércio que possam prejudicar as exportações do setor do aço brasileiro. “Estamos sempre em busca de atender as demandas industriais, com um olhar muito atento para o setor do aço brasileiro”.
Tatiana ainda pontuou que os avanços concedidos pelas reformas tributária e fiscal têm contribuído para um ambiente favorável de investimentos e de exportações e que o Programa de Aceleração do Crescimento é um sinal do Governo Federal no sentido de gerar maior atividade econômica, melhora de infraestrutura e geração de renda e emprego.
Potencial
A primeira conferência do Congresso Aço Brasil 2023 teve como tema “Nova Ordem Econômica Mundial – Inserção do Brasil”, com moderação de Sergio Leite de Andrade, Vice-Presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil e Conselheiro de Administração e Vice-Presidente de Assuntos Estratégicos da Usiminas; palestra do economista Ricardo Amorim; colaboração do Conselheiro Emérito da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro; e participação do Deputado Federal e Presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, Arnaldo Jardim.
Para dar início ao painel, Sergio Leite de Andrade trouxe para o debate a importância do Brasil avançar em sua posição atual no mercado mundial do aço: “O nosso país é uma das principais economias do mundo, com um potencial extremamente importante, mas que ainda não consegue tornar realidade toda sua plenitude. Contudo, é importante destacar que todo o setor do aço trabalha cotidianamente no sentido de tornar o país um grande protagonista nos próximos anos”.
Diante desse cenário, Ricardo Amorim abordou a mudança do centro de gravidade da economia mundial, que antes estava focada na Europa e nos Estados Unidos, mas hoje pode ser percebida na Ásia, majoritariamente na China. Na visão do economista, a América Latina – com destaque para o Brasil – precisa considerar dois caminhos: avançar na fronteira da inovação e copiar o que já deu certo nas grandes potências: “Estímulo, inovação e legislação são fundamentais, mas a origem do avanço começa com mão de obra qualificada. Passamos grande parte do tempo pedindo investimento em infraestrutura, mas precisamos também lembrar da educação básica e de qualidade. Nós vemos isso em todos os casos asiáticos de sucesso da última década. Foi assim que o Japão, a China e a Coreia do Sul saíram do lugar de produtores de baixa qualidade para fornecedores de alto nível”.
Ainda segundo o economista, é necessário que haja uma mudança de mentalidade, na mesma medida em que a indústria acompanhe de perto as questões que envolvem a reforma tributária: “O grande mérito da reforma é criar a condição para que a indústria se desenvolva. Se não resolvermos os dois principais pontos, sendo eles infraestrutura e a qualificação de mão de obra, vamos ter mais uma vez um bilhete premiado perdido”.
Capacidade de negociação
Para Armando Monteiro, o Brasil tem uma condição singular em relação às tensões geopolíticas citadas por Amorim, tendo relação diplomática e capacidade de se relacionar com 197 países, contudo, reconhece o Brasil como um país que só tem acordos internacionais com nações que representam um pouco mais de 8% do consumo e da importação de bens em todo o mundo: “Um levantamento recente da CNI mostra que nós temos uma alíquota média de 5,5% em bens industriais, sendo que países concorrentes tem uma alíquota em torno de 3%. Se considerarmos os problemas ainda existentes pelo sistema tributário atual, a cumulatividade residual de antiga taxa tributária e as tarifas de importação para acessar os principais mercados, nós encontramos uma desvantagem extraordinária. Portanto, não nos acomodemos, temos muito o que fazer e com urgência”, diz.
Política e reformas
Ao final da conferência, Arnaldo Jardim garantiu que o papel do Congresso Nacional será de negociar e barrar qualquer projeto que prejudique o avanço da indústria brasileira no mercado mundial: “O Congresso tem um perfil de centro e de visão liberal de mercado e estamos conseguindo um processo de negociação, com amplo diálogo das questões que beneficiam o avanço da indústria. Subsídio e incentivo não são palavrões para mim, se você souber como determiná-los e condicioná-los a um processo de aprendizado e proteção. Com as negociações que estamos alcançando, eu fico esperançoso de que o Brasil será o país destinatário dos investimentos internacionais”, diz.
Congresso se encerrou dia 27/09, no Hotel Unique, em São Paulo.
Fonte: Conexão Mineral
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