A Aperam vai investir R$ 243,6 milhões no país neste ano para ampliar e modernizar sua capacidade produtiva. Os investimentos serão feitos na unidade industrial de Timóteo (MG) com recursos do caixa da companhia, disse o presidente da Aperam no Brasil, Frederico Ayres Lima.
Do valor total, R$ 90,6 milhões serão destinados à atualização tecnológica e aumento da produtividade da linha de aço inoxidável, com a modernização nas linhas de recozimento e decapagem. O aço tipo inox é o carro-chefe da siderúrgica.
Outros R$ 26 milhões serão aplicados na oferta do revestimento C5 fino para os aços elétricos de grão não orientado (GNO), usado na produção de máquinas elétricas rotativas, como motores, compressores e geradores.
"Esse investimento nos credencia para entrar no mercado de veículos elétricos no Brasil e no mercado externo", afirmou Ayres. Outros R$ 55 milhões irão para a área de produção de aço grão orientado de alta permeabilidade (HGO), um produto siderúrgico mais complexo, usado em transformadores de energia.
Por fim, R$ 72 milhões serão aplicados no que chama de produção de "aço verde", pela Aperam BioEnergia, incluindo plantio de eucalipto e equipamentos de produção, além de eficiência energética.
A operação da Aperam no Brasil usa carvão vegetal produzido pela subsidiária Aperam BioEnergia, que produz e vende carvão vegetal, tecnologia, mudas e sementes a partir de florestas renováveis de eucalipto em Minas Gerais.
Ayres disse que a capacidade produtiva da companhia muda muito pouco, permanecendo em torno 900 mil toneladas de aço líquido ao ano. Mas há o aumento na produção de aços mais nobres em detrimento de produtos mais básicos. "A produção de aço inoxidável vai aumentar e o aço de grão orientado de alta permeabilidade [HGO], que gera perdas magnéticas menores em comparação ao grão orientado [GO]", afirmou.
A Aperam é a maior produtora de aço inox na América Latina e esse tipo de aço é seu carro-chefe. A siderúrgica, no Brasil, é a antiga Acesita, que mudou várias vezes de acionistas - passou ao controle da Arcelor e em 2006 para a ArcelorMittal, com a fusão global dos dois grupos. Algum tempo depois, a ArcelorMittal decidiu fazer uma cisão dessa divisão, sendo então criada a Aperam. A família Mittal é uma das principais acionistas da companhia.
No primeiro trimestre, informou o executivo, a demanda por produtos da empresa aumentou de 25% a 30% em relação ao mesmo intervalo de 2020, devido a uma reposição de estoques de clientes. "Essa questão dos estoques vai se equacionar em breve e aí voltamos ao crescimento normal do setor, que é duas vezes o PIB [Produto Interno Bruto]."
Na avaliação do executivo, a demanda deve crescer em torno de 6% no país neste ano, considerando a perspectiva de alta de 3% no PIB. Esse crescimento da economia, de acordo com Ayres, será possível com a realização das reformas no país (como a tributária) e ao controle da pandemia com a vacinação em massa. "Acredito que as reformas serão feitas pelo governo e o consumo vai aumentar", disse.
No mundo, a Aperam opera mais cinco unidades industriais na França e na Bélgica, com capacidade de 2,5 milhões de toneladas de placas de aço por ano.
Em 2020, a Aperam reportou lucro líquido de 175 milhões de euros (R$ 1,17 bilhão), alta de 18,2% em relação ao resultado de 2019. O desempenho global foi beneficiado em parte por um ganho de 66 milhões de euros (R$ 443 milhões) com crédito fiscal de PIS e Cofins no Brasil. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) caiu 3,9%, para 343 milhões de euros (R$ 2,3 bilhões). A receita líquida encolheu 14,5%, para 3,62 bilhões de euros (R$ 24,3 bilhões), devido à queda de 6,1% nos embarques e a preços mais baixos, informou a empresa.
A siderúrgica mineira ainda não divulgou o balanço da operação brasileira de 2020, mas informou que no ano passado os volumes caíram 6%. O Ebitda, no entanto, subiu 16%, devido à variação cambial e ao seu mix de produtos.
As informações são do Valor Econômico.
Comments