Projeto permite que os diplomados em Geologia poderão apostilar seu título como engenheiro geólogo perante o respectivo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
Engenheiros do País estão se mobilizando contra o Projeto de Lei 435/2021, que está tramitando no Senado e que atribui aos geólogos ou “engenheiros geólogos” os direitos e deveres dos demais profissionais do grupo ou categoria Engenharia. Se aprovado, o projeto significaria que “os diplomados em Geologia poderão, a requerimento do interessado, apostilar seu título como engenheiro geólogo perante o respectivo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia”, o CREA.
Para a Associação Paulista de Engenheiros de Minas (Apemi), o Projeto de Lei “promove uma reclassificação, com a elevação dos geólogos para engenheiros geólogos, e assim todos passariam à condição de exercer a engenharia”. De acordo com a entidade, existem 32 escolas de geologia no Brasil e apenas 3 têm a denominação específica de engenharia geológica. “Não são similares e há diferenças curriculares que distinguem esses dois campos. A situação se complica exponencialmente à luz de recente decisão do Crea-SP que, após anos de relutância e até intransigência, terminou, por força de composições camerais e pressões injustificadas, por equiparar os engenheiros geólogos aos engenheiros de minas, mesmo que parcialmente, por ora. Claro está que passos seguintes por extensão, os campos de Engenharia Civil, de Petróleo, de Materiais e até de Produção, serão alvos de invasão”.
A entidade que representa os engenheiros de minas paulistas considera, ainda, que “a Engenharia Geológica é muito mais próxima das geociências, as Ciências da Terra, do que quaisquer áreas das ciências exatas. O processo seletivo para se cursar Engenharia é historicamente mais complicado em relação à Geologia, e o currículo de formação é bastante diferente. A título de referência em nível de excelência, nos últimos anos a Engenharia de Minas da Escola Politécnica da USP foi classificada por instituições internacionais entre as melhores 50 faculdades do mundo e como a melhor escola dentre todas as engenharias do país. Aproveitar-se de uma medida cartorial para equiparar títulos profissionais duramente conquistados, sem o gabarito necessário, é um perigo à sociedade e uma afronta a todos os engenheiros. Na realidade é um casuísmo em forma de golpe, imoral e anti-ético, um ato de arrogância no qual até os legisladores foram ludibriados, haja vista as intenções obscuras e os reflexos decorrentes dessa proposta que se aparenta simples mas traz consigo uma maldade imensa. Se aprovada, negará os valores construídos ao longo de décadas por escolas e professores extremamente renomados e desmerece profissionais que ergueram suas carreiras com base na competência e dignidade, sem atalhos e sem subterfúgios realizados com base em lobismo e meias-verdades”.
Em razão disso, a entidade defende que todos se manifestem contra a aprovação do PL 435/2021.
Fonte: Brasil Mineral
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