A mineradora fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 20,2 bilhões, uma alta de 29,4% na comparação com igual período do ano passado
O conselho de administração da mineradora aprovou novo programa de recompra de até 200 milhões de ações ordinárias e seus respectivos ADRs (recibos de ações negociados em Nova York), representando até 4,1% do número total de ações em circulação. O programa será executado em até 18 meses.
A seguir, veja o que os analistas acharam dos resultados:
XP
Os resultados da Vale no terceiro trimestre vieram piores que o esperado, diz a XP, com o Ebitda ajustado de US$ 7,1 bilhões vindo 4% das estimativas. De acordo com o analista Thales Carmo, o principal destaque negativo foram os preços realizados de minério abaixo do que se imaginava.
A mineradora negociou o minério a US$ 126,70 no trimestre, número 12% abaixo do que a XP estimava para o período. Com isso, a receita consolidada de US$ 12,7 bilhões da Vale veio 7% abaixo das estimativas.
“Em metais básicos, os preços realizados também decepcionaram, devido a uma greve de trabalhadores que impactou as operações no Canadá”, comenta a XP. O analista destaca que o fluxo de caixa livre das operações foi de US$ 7,7 bilhões devido à variação positiva do capital de giro, apesar do menor Ebitda.
Apesar disso, a casa ainda vê os papéis descontados, sendo negociados a 2,9 vezes o valor sobre o Ebitda de 2022, abaixo dá média global de 3,5 vezes. A XP tem recomendação de compra para Vale, com preço-alvo em R$ 122, potencial de alta de 65,5% sobre o fechamento de ontem.
BTG
Os resultados da Vale no terceiro trimestre vieram em linha com o esperado, diz o BTG Pactual, apesar da queda sequencial ante o trimestre imediatamente anterior, o que já era esperado pelo mercado.
“O Ebitda veio em US$ 7,1 bilhões (em linha com nossas projeções), 37% menor que no segundo trimestre, puxado principalmente por uma menor realização de preços n minério de ferro e desempenho abaixo do esperado em metais básicos”, diz o banco.
Os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner escrevem que mesmo com os fundamentos macroeconômicos mais desafiadores na China, a mineradora conseguiu US$ 7,6 bilhões em geração de fluxo de caixa livre, rendimentos de 11% no trimestre.
O banco também elogia a continuidade na agenda amigável com os acionistas, anunciando novo programa de recompra de ações. “Claramente um sinal de confiança no futuro da companhia e cria valor para os acionistas.”
Correa e Greiner falam que não esperavam uma correção tão grande no minério, o que afeta diretamente a Vale, mas afirmam que os fundamentos da empresa continuam robustos, com alocação disciplinada de capital, o que maximiza retorno aos acionistas.
“Acreditamos que a Vale vai continuar fazendo um progresso tangível em temas ESG, removendo o excesso de desconto atual no papéis”, comentam. O BTG Pactual tem recomendação de compra para os ADRs da Vale negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), com preço-alvo em US$ 22, potencial de alta de 63,3% sobre o fechamento de ontem.
Citi
O Citi afirmou que a Vale reportou ontem um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de US$ 7,1 bilhões, abaixo da projeção do banco de US$ 7,5 bilhões, pressionado pelo segmento de metais ferrosos e não ferrosos, que ficaram US$ 200 milhões abaixo da estimativa com base em custos mais altos do que o esperado.
O preço médio do minério de ferro realizado foi de US$ 126 por tonelada, enquanto o Citi projetou US$ 128. Os custos de frete aumentaram US$ 2,5 por tonelada, mas devem ficar estáveis no quarto trimestre.
O carvão metalúrgico estava no ponto de equilíbrio com um preço realizado de US$ 193 por tonelada, segundo o banco, parece difícil encontrar um comprador para este ativo até que o preço do carvão no ponto de equilíbrio possa ser reduzido significativamente.
A empresa anunciou uma nova recompra de ações nos próximos 12 meses (cerca de 4% dos papéis no mercado ) após a conclusão da última compra de 270 milhões de ações. O custo seria de aproximadamente US$ 2,8 bilhões.
“Esperamos uma reação neutra aos lucros com a perda de Ebitda compensada pelo impacto positivo do novo programa de recompra. A administração provavelmente se concentrará na estratégia de produção de minério de alta sílica, pressão de custo, discussões da Samarco e qualquer orientação para 2022”, completou.
O Citi mantém a recomendação de compra e o preço-alvo de US$ 20 a ADR.
Itaú BBA
A Vale teve resultados neutros no terceiro trimestre, diz o Itaú BBA, com o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de US$ 7,1 bilhões em linha com as estimativas, apesar da queda trimestral de 37%.
“A deterioração sequencial no Ebitda foi causada pela queda de US$ 56 a tonelada nos preços realizados do minério de ferro, mais que mitigando o aumento de 1 milhão de toneladas em vendas”, escreve o analista Daniel Sasson.
A mineradora também teve geração de fluxo de caixa robusta em US$ 7,6 bilhões, ajudada por US$ 3,45 bilhões em capital de giro, diz o banco. “Custos de entrega para a China também aumentaram em US$ 4,7 a tonelada no trimestre.”
O banco vê como positivo o anúncio de recompra de ações de até 4% dos papéis em circulação, o equivalente a US$ 2,6 bilhões. Isso deve favorecer a alocação de capital da Vale, uma vez que a dívida líquida da empresa está US$ 1,2 bilhão abaixo da meta e não tem grandes projetos que necessitem de investimentos.
O Itaú BBA tem recomendação de compra para os American Depositary Receipts (ADRs) da Vale negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), com preço-alvo em US$ 25, potencial de alta de 89,4% sobre o fechamento de ontem.
BofA
Os resultados da Vale no terceiro trimestre vieram abaixo da expectativa, diz o Bank of America (BofA), puxados principalmente por menores preços realizados do minério de ferro no período.
“O Ebitda ajustado de US$ 7,1 bilhões foi um crescimento de 14% na comparação anual e 23% menos que as estimativas. O fluxo de caixa livre foi robusto em US$ 7,8 bilhões, ajudado por uma liberação de US$ 3,5 bilhões em capital de giro”, escreve o time de analistas do banco americano.
Também destacam a alta no custo caixa C1 da Vale, a US$ 18,1 a tonelada, e o Ebitda positivo da divisão de carvão da mineradora, a US$ 32 milhões, pela primeira vez desde 2018.
Apesar de enxergarem os papéis como descontados, o BofA mantém sua posição de cautela sobre Vale por conta das incertezas macroeconômicas da China, notadamente a desaceleração no crescimento e os cortes na produção de aço, o que criam dificuldades na criação de valor da ação.
O BofA tem recomendação neutra para o ADR da Vale negociado na Bolsa de Nova York (Nyse), com preço-alvo em US$ 19, potencial de alta de 43,9% sobre o fechamento de ontem.
Fonte: Este conteúdo foi publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor e também publicado em valorinveste.globo.com/
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