
Os moradores de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, acordaram neste domingo (27) com o barulho das sirenes que avisaram sobre um possível rompimento de uma barragem da Vale – na sexta-feira (25), segundo relatos, as sirenes não foram ouvidas.
A agente de saúde Raiane de Resende ouviu o sinal sonoro e saiu de pijama. “Pegamos água, biscoito, a gente não sabe o que pode acontecer”, contou.

Ela, o pai, a mãe, a irmã, irmão e dois sobrinhos foram em um carro para a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Parque da Cachoeira, na parte alta da região.
“Cedinho foi todo mundo no desespero. Passou uma caminhonete do vizinho buzinando e avisando todo para sair”. Ela mora há 20 anos aqui e disse que nunca fizeram treinamento de evacuação.
Marcos Vinícius Pinto e Naiara Pereira também foram acordados com o alerta do toque da sirene. Eles contam que, com o clima de apreensão, um vizinho, que tem problemas cardíacos, passou mal. Às pressas, eles levaram o homem para Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Agora, o casal vive outra apreensão, já que foi impedido de voltar para casa no bairro Cohab por causa do bloqueio montado pela polícia. A filha deles ficou na casa da avó, que fica em uma parte mais baixa e já foi atingida por enchentes provocadas por temporais anteriormente.

A família de Durvalina Oliveira Soares acordou por volta das 6h com as sirenes. Ela, as duas filhas, o genro e cinco netos se apertaram todos no carro e foram para a parte alta da comunidade do Tejuco. O plano era aguardar as orientações para saber quando voltam para casa. O mesmo corre-corre foi para Adilson Charles Ramos de Souza. Ao ouvir as sirenes, ele pegou os filhos e saiu para a casa da avó. Depois, segundo Adilson, ele ajudou a retirar pessoas obesas e que estavam passando mal.
A dona de casa Maria Sueli Alves de Oliveira, de 59 anos, conta que acordou com o soar da sirene e correu para o mato, de onde viu o dia amanhecer. Ela e outros moradores do bairro Pires foram levados para a Igreja Matriz da cidade. Ela diz que saiu de casa, junto a outras seis pessoas da família, só com a roupa do corpo e conseguiu trazer com ela apenas documentos.
“Nós estamos todos desabrigados. Tirei só os documentos. Não tirei roupa, não tirei nada, ficou tudo lá dentro de casa. Soltei os cachorros pra fora, as galinhas. Meus trens, ficou tudo lá. Não tirei nada, nada”, diz.
O bombeiro civil Daniel Ferreira Galvão disse que havia um bloqueio na altura da ponte que dá acesso ao Centro de Brumadinho e que todos foram impedidos de passar. Galvão falou que a barragem sob alerta de rompimento fica a 14 quilômetros de onde o bloqueio foi feito.
